quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Já perdi as contas de quantas crenças foram abandonadas nesses nossos alguns muitos meses juntos. De quantas ideias mudaram em mim, quantas certezas surgiram dúvidas e outros caminhos  que poderiam ser percorridos, além daqueles já organizados no meu cronograma e sepultados no encaixe perfeito da minha planilha ideal. De quanto enlouqueci com minhas próprias neuras e de quanto aprendi a dividir - embora seja egoísta com cerejas, cervejas e últimos pedaços. Eu reconheço em mim um tanto de você e talvez faça sentido quando dizem que as pessoas vão se assemelhando com o passar do tempo. Você me faz ver por um outro ponto de vista, as vezes tão oposto, mas como se tudo ficasse panorâmico e perfeitamente claro. E eu custo a me deixar levar, por vezes resisto e insisto em estabelecer barreiras como uma forma de resguardar um pedaço intocado em mim. Talvez eu tenha um pouco de medo de me dar conta de que eu não sou mais toda a fortaleza que construi pra não deixar ninguém entrar, pra enfrentar tudo só com minhas próprias mãos e minha própria fé, de perceber que não preciso ser quem resolve tudo sozinha, porque eu posso dividir todo peso e todo fardo com você. Medo de ser vulnerável, de fechar os olhos e me entregar a todo caos que vem nas diferenças, no choque de pensamentos e na incerteza da vida e do futuro. De ter calma mesmo na pressa que me consome de ter tudo aquilo que eu luto pra alcançar e que acredito piamente que só depende do esforço, porque foi assim que aprendi a ser. Desde sempre. Sou de sonhar e não me contentar até mover o mundo inteiro pra obter cada pedacinho de sonho, porque não sei esperar que aconteçam por elas mesmas. Talvez por não crer em merecimento, mas em luta. Custa a aceitar o descanso e a pausa, mesmo quando sem forças, mesmo que necessário. E vem você com toda calma e todo cuidado, me ensinar a fechar os olhos e suspirar bem fundo e te olhar rezando baixinho de gratidão de ter você. A me fazer deitar na madrugada e 2 minutos depois dormir meu sono profundo dentro dos seus braços. A me abrir inteira pro amor e arrancar de mim todo sorriso de estar em paz. Mudo todo dia um pouco mais, me ajeitando a você, sem que eu me perca de mim mesma. Arrancando cada raiz criada de danos passados, de barreiras e armaduras. Construindo cumplicidade e amor, moldando uma vida em comum. E por mais que eu recue, não me vejo seguindo outro caminho que não seja ao seu lado, porque não há ninguém com quem eu queira tanto dividir cada pedaço da vida além de você.