segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Não me encaixo, não me acho é acho que a vida é mesmo assim. Uma falta de tudo e o peso do mundo no pescoço. Sufoca e solta o ar, encontro e desencontro. Quando você entende que não pode entender nada, ai que começa tudo a complicar. Manter-se na ignorância ou atirar-se? Saber demais as vezes parece que só traz dor. Quanto mais se vive, mais se sente falta de viver, quando mais se escreve mais se perde. Quando tenta traduzir, termina inacabado.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Acabaram-se os tempos da velha infância feliz. Das histórias em quadrinhos devoradas em minutos, das perguntas, das manhãs despretensiosas. Das poucas preocupações e zero importância pelas trivialidades. Demorei tanto a aceitar o desprendimento. A notar que o ingresso a vida adulta já se aproximava. Aquela transição inevitável passou sem muitas dores e sem perceber, e então o choque. As contas, o emprego que tem que ter, o sonho em forma de testes que levam ao esgotamento diário de todo o psicológico. A vida que opera fora de rota, acelerada e sem freios, arrastando todas as suas certezas lama e ladeira abaixo. Eu sempre soube que sonhos eram fruto do subconsciente e aqueles pesadelos logo passariam se dormisse de novo. Agora me encontro em noites insones e sonos sem sonhos. Como se o peso da idade desabasse sobre a cabeça e só se pode desmaiar pra não se entregar. Ah, bom era quando chorar resolvia e lavava a alma. Agora, pergunto a minha alma como mantê-la sã nesse tanto de pressão que a vida faz. Sem ter onde correr e onde se esconder, encarar a realidade é fácil demais perto da nebulosa incerteza que se encontra nesse momento. Que plano seguir se todos te levam ao mesmo lugar? Voltar ou ir, se o caminho é um círculo girando ao seu redor. Esperar. (E não desesperar).

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Quando vem a falta de algo, embora pareça que não há nada a se fazer, tem-se duas opções: voltar-se pra fora ou pra dentro de si. O que te preenche e o que te sobra? Procuramos em lugares diferentes, em pessoas próximas ou não, em fugas, em um tanto de superficialidades. Tentamos, na maioria das vezes, remédios rápidos pra dores acumuladas dia após dia, acabar com o tédio inteiro em uma insanidade só, preencher o vazio que se apresenta com doses de felicidade e otimismo. Tudo lá fora parece ser melhor que o abismo de dentro, e escutar o próprio silêncio se torna insuportavelmente gritante. Podemos também, e essa é a escolha mais difícil, submergir em todos os medos, em todos os sonhos, toda chatice da vida cotidiana, tudo que construiu cada pedacinho do seu ser, e procurar ali, naquele buraco negro interno as peças que faltam, as respostas que necessita para avançar. Ali dentro, onde tudo se apresenta escuro e íngreme, estão fixadas cada centímetro de suas raízes, cada letra de sua história, cada tanto de sentimento armazenado. É ali, que após voltar sua atenção e seu cuidado, vira abrigo. E ao virar abrigo, não mais se faz escuro. Há uma faísca acesa, uma vontade de vida que foge da nossa compreensão, uma força que percorre o corpo e o coração. E então, processadas em nossa mente, nos levam além de nossas necessidades. E talvez, assim, não haja tanta solidão em estar só. 







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E por mais racional que seja ou tente ser, a saída mais fácil as vezes é tão mais indolor...