domingo, 22 de julho de 2012

parte II

Tão distante quanto aquelas paisagens que a gente vê pela janela do carro quando viaja e fica imaginando como seria ir até o topo daquele morro ou até onde vai aquela imensidão de árvores. Como aquela casinha no meio do nada, que a gente sempre pensa ser de uma família bem feliz. Você me transmite tanta paz com esse seu jeito de ver o mundo e tratar as pessoas, de modo tão doce e tão realista, vendo o melhor de todo mundo. Você seria incapaz de machucar uma formiga, mas consegue com um sorriso dar tantos nós em minha cabeça que fico zonza tentando não ficar com cara de boba, controlando meu embaraço quando você me olha pra perguntar qualquer besteira. Não é um gostar propriamente dito, nem amor que ainda não sei como é. É uma vontade de te ter por perto, de te ter pra mim. Por admiração, por você ser sempre tão agradável, tão fofo, tão adaptável, tão apaixonável. Você parece ser a única pessoa capaz de preencher minha multipolaridade, de tornar as coisas tão mais simples, o único imune a minha falta de paciência. Sempre tão longe e tão perto, a gente quase como ponteiro de relógio, convergindo em horas certas e erradas e em direções diferentes na maior parte do tempo. Tão possível e ao mesmo tempo me sinto como criança a olhar pela vitrine (mais uma vez) aquele brinquedo que não pode ter. Tão alcançável que fujo mais do que tento me aproximar de tão desconcertante que sua presença as vezes me parece, ao mesmo tempo em que tento chamar sua atenção de um jeito torto que quase nunca dá certo de tão atrapalhada que sou. Tão despretensioso, que acordo assustada toda vez que você surge de repente em algum sonho, me deixando com a lembrança de seu gosto que já nem sei mais se ainda existe ou se é só imaginação.Tão onírico e tão real, que só desejo que quando a pilha acabe a gente aponte pra mesma direção.



 ps: novamente inspirado por você.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

20.07



É alguma coisa no tato, dirão aqueles mais sensorialistas, ou quem sabe no insight, no emaranhado de coincidência das vida dos que creem veementemente no destino. Reputar-se-ão vãs, perdas de tempo e desvio na rota do umbigo dos individualistas, ou o sentido de ser humano, dos seres políticos sociais. Se acumulam aos montes ou contam-se nos dedos de uma só mão, vivem anos compartilhados, constroem histórias ou mesmo um porre naquela festinha de fim de ano. Vivem na eternidade das lembranças, povoam os planos de velhice e cadeiras de balanço com novelo de lã para tricotar. Estão nos planos de longo prazo, nos filmes de fim de semana, nas conversas no meio da aula chata de qualquer matéria sem graça. Estão nos homéricos torrenciais de lágrimas derramados, nas risadas mais bizarras, nas ridicularidades cotidianas. Passeiam brevemente por variadas correntes e elos, unem-se ao leu e ao interesse, esse último não muito digno de confiança, e formam quebra-cabeças de mais variadas formas e recortes que se encaixam entre muito ciúme e jeitinhos birrentos. Alguns vêm lá do jardim de infância, das brincadeiras de boneca e de pique-esconde na rua, outros chegam no meio da vida acadêmica, na aula da academia e nos milhões de espaços-tempos-lugares-épocas. E chegam e se aconchegam, ocupando o tempo, o coração, o ombro, o carinho e o sofá de casa. Uns mais próximos, outros mais distantes, cada um em sua particularidade, construindo aquilo que se traduz em seu ser.