quarta-feira, 5 de agosto de 2020

2 anos e alguns dias que num dia frio você me abraçou e disse que ia me esquentar e desde então assim tem sido, eu me acolho no teu beijo e nos teus braços e todo o resto se torna irrelevante. Quantas voltas foi preciso pra que na hora exata tudo se encaixasse, no tempo-espaço perfeitamente localizado, dentre as tantas vezes em que nos vimos aleatoriamente e perdemos e ganhamos chances. Nada disso importa, além do desse dia em diante. De tudo que fomos, seguimos melhores a cada dia, aprendendo e amadurecendo tanto, construindo tanta coisa que eu sequer pensei que pudesse compartilhar com outra pessoa. Nos fazemos tão melhores juntos, porque queremos e estamos conectados de corpo, alma, coração, mentes e todo o resto. Nossas vontades se alinham e quando não, se complementam. E tentamos todo dia ser um pouco mais um pelo outro, reconhecer erros, empreender ajustes, pensar hoje e amanhã juntos, tudo de uma forma leve e natural. Amo você de todo o meu coração, em toda infinitude desse sentimento. E te ouvir e te sentir o mesmo, me faz ter a certeza de que juntos somos pra vida toda, em todas as nuances e mutações que a vida e o amor se fazem e farão. 
"Quando penso em você, fecho os olhos de saudade"
Essa frase fica ecoando todo dia junto com a falta enorme que você me faz a cada minuto. A gente se viu ontem, mas poderia ter sido no segundo anterior a esse que provavelmente eu estaria morrendo de saudades de você de qualquer forma. Falta sempre uma parte de mim e uma incompletude na sequência de fatos e cotidianos quando você não está. E é até engraçado considerando que eu gosto de ficar sozinha na maior parte do tempo e dos dias. E mesmo assim, falta você. Quando eu me volto pra meu interior, no meio das minhas leituras e chás e inúmeras canecas de cafés, ou quando aquarelo ouvindo jams. Falta você em tudo, não de uma forma dependente, mas de um jeito que tudo fica muito melhor com você. Eu sou inteira e completa em todo o meu ser e com você tudo se potencializa. Eu amo tudo que a gente é, o que vivemos e o que ainda viveremos juntos, e minhas emoções saltitam de sonhar junto com você tudo o que vem. E provavelmente terei saudades de você em todos esses dias, mesmo quando a gente ficar junto uma semana - ou a vida inteira. Você é saudade constante e persistente, que não cansarei de sentir e aplacar. 

domingo, 28 de junho de 2020

É difícil quando se é adulto entender que toda dor que corrói o fundo do peito se carrega só. A lágrima desce a noite, no choro compulsivo abafado pelo travesseiro, na voz interna te dizendo que vai ficar tudo bem quando claramente não está. Eu sempre carreguei muito aqui dentro, sempre suportei sozinha e tudo bem. Mas os problemas aumentam com o passar dos anos, as dúvidas não são cotidianas, mas existenciais. E não tem mais um colo, um cafuné de quando se é criança e possui um machucado que cura com beijo de mãe. Não é só dormir que passa. É um buraco que só aumenta e me consome. Então choro baixinho por mais uma noite, me desculpando pra mim mesma, tentando segurar minha mão, pedindo em oração que tudo fique bem e torcendo pra que tudo dê certo no fim das contas.

quinta-feira, 14 de maio de 2020

Queria poder nesse momento guardar dentro de mim todas as pessoas que eu amo e que tanto me afeiçoaram ao longo dos meus 28 anos e alguns meses de vida, cada um daqueles que me fazem dormir grata e leve pela vida ser tão gratificante e acordar com o sorriso de começar mais um dia com tanto amor. Queria abraçar bem forte e não soltar por longos minutos de silêncio de lágrimas, como sei que vai ser quando nos reencontrarmos, pra que não esqueçam que mesmo sozinhos em presença, estamos juntos além alma e cosmos. A quarentena faz a gente se sentir desolado por não haver perspectiva do amanhã, mas também nos faz trazer pra perto o afeto em mensagens, orações e pensamentos positivos. Sinto muita falta de tanta gente e de tantas conversas despretensiosas em mesas de bar que não teriam fim se a gente soubesse o que nos esperaria em meados de março de 2020. Meu coração aperta de pensar que posso não rever alguns e mais ainda por não poder dispor de colo e carinho nesse momento. Penso que tenho muita sorte mesmo de ter com quem contar e em quem pensar pra afagar e deixar o coração quentinho nos dias não tão bons e nos muito ruins. Escrevo como se fosse uma oração suplicando que se cuidem e fiquem bem, guardadinhos de todo caos lá fora. Com amor, de sempre. J.

domingo, 3 de maio de 2020

Meu peito aperta calado exatamente a meia noite, quando um jazz me teletransporta dentre lembranças de carinhos e conversas e cócegas que apenas você sabe fazer, porque ninguém consegue fazer com que eu sinta (é, você descobriu meu ponto fraco e usa de vez em quando e eu odeio e amo ao mesmo tempo). Eu lembro você o dia todo, e apesar de sempre doer, alguns momentos são mais insuportáveis, como agora. Tomo um chá e fumo um cigarro imaginário, o que é engraçado porque eu odeio cigarro, mas tragar e assoprar o vento quase como fumaça me fazem relaxar, talvez os pensamentos se dissipem pelo ar fazendo dessa maneira. É um sábado e é dia de estar com você, mas não estamos nem temos data pra estar, o que pode ser qualquer dia nessa semana ou quem sabe demore um pouco mais. Não me acostumo com isso, com não ter seu cheirinho de xampu impregnando minhas narinas, de não sentir seu abraço bem apertado quase sufocante porém na medida exata de parecer um lar, de não poder olhar fixamente seus lindos olhos azuis por um longo silêncio reconfortante. Cada pequeno fragmento de você e de nossos dias percorrem minha memória de sensações e a lágrima embaça a visão enquanto engulo choro e chá tentando ser forte enquanto a saudade martela e pesa. Daqui a pouco é hora de dormir e sem você é muito mais difícil do sono chegar. Insisto em continuar ouvindo músicas que me deixam feliz e triste ao mesmo tempo e me transportam até ai, mas o que não lembra você nessa minha vida tão cheia de amor e de momentos? 

quinta-feira, 30 de abril de 2020

Eu sinto falta de coisas que não sei se algum dia terei. Decerto nunca tive. É omo se houvesse uma camada rasa de água, quando entramos num rio de águas escuras e só fossemos até onde nos sentimos seguros. Acostumamos e depois passamos a nadar na parte mais profunda, quando os pés não tocam o chão. Eu sempre gostei de mergulhar de olhos fechados e abrir os olhos no meio do caminho. Mesmo quando tudo é turvo, enxergo beleza na orientação mais intuitiva que perceptível. Eu gosto de nadar nas águas escuras do ser humano, de conversas profundas sobre o nada, de virar madrugadas nessas coisas meio sem sentido, mas que transbordam as pessoas entre o quase sono e o desejo de continuar a conversa. Eu desejo coisas que não sei se as pessoas estão prontas para vivenciar, ou talvez se cansem pelo comodismo, pelos dias, pela fase ultrapassada da conquista. Eu desejo cada pedacinho que despretensiosamente se desenrola no olho no olho pós vinho, na embriaguez dos corpos que não conseguem fazer mais nada além de trocar palavras e questionamentos sem pé nem cabeça. Talvez seja uma tendência a romantizar as coisas, talvez seja o nível de intimidade que chegou ao ápice e agora declina na certeza da constância. A cumplicidade nos torna refém da mesmice? Acaba-se a magia e o interesse ou é tudo um sonho do qual acordei e busco voltar a dormir pra continuar de onde parei mesmo sabendo que isso não vai acontecer. E continuo pensando ao longo do dia até onde esse sonho teria chegado se eu não tivesse acordado naquele momento crucial. Tive ou fantasiei? Seremos assim nos dias juntos ao peso dos anos que comemoramos juntos? No peso da vida, da rotina e dos problemas conjugais? Nos entreteremos nas meias noites ou apenas dormiremos cansados do dia massacrante que se passou? Ser pra sempre vai ser suficiente pra aplacar a minha ânsia de profundidade? Viveremos por completo ou a vida vai se encarregar de nos arrastar feito tempestade de areia e sem cobrir os olhos nos cegaremos de grãos não ditos e expectativas frustradas? Nos desejaremos por igual no fim de tudo? Nos amaremos até a necessidade de deitar as costas na cama chegar? Até a vida nos levar onde queremos? 

30/04/2020

Acho que hoje foi um dos piores dias de quarentena pra mim. Vários problemas que nem são tão problemas assim, mas trazem com eles a sensação impotente de que eu não posso fazer nada (realmente nada) para mudá-los. Me encontro totalmente perdida em todos os aspectos possíveis e sei que não estou bem. Solidão pesa, sentimento de inutilidade idem. Acumulam-se pensamentos, boletos, imprevisões, descontrole, pessimismos disfarçados de realismos. Não quero consolo, nem que escutem piedosamente meus problemas. Eu só quero absorver esse momento e nunca mais passar por ele. Não desprotegida, com surtos e choros. Talvez eu devesse me entregar as lágrimas até elas esgotarem e eu possa mais uma vez inspirar coragem. Folego. Subir a superfície. Talvez eu deva me entregar ao caos, colocar nas mãos de Deus tudo que está sendo e tudo que vem. Me sinto perdida como nunca. Eu desapeguei dos meus sonhos, do que me fez chegar até aqui, desapeguei de pra onde vou e pra onde desejo estar no futuro. Será que eu me perdi de mim? Que eu esqueci quem sempre fui? Ou será que eu nunca soube e por isso vacilo tanto? Eu não sei, sinceramente não sei. Eu só quero e espero que tudo passe e eu sobreviva aqui dentro de mim. 

quinta-feira, 23 de abril de 2020

algum dia em quarentena

Os dias são quase todos iguais, mas as dores parecem diferentes 
É o peso dos dias trancados, imersos nos medos e problemas
Dentro de dentro de dentro
De casa, de nós 
Tudo que se sente é muito, e não necessariamente isso é bom 
Se entregar a incerteza e ao caos é um processo extremamente difícil.
Há que se buscar a paz, e não somente isso: permanecer nela.
Enquanto lá fora não se pode ver a luz
Nós mantemos lamparina porta a dentro 

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Tenho me maltratado demais sem saber muito o porquê, odiando a imagem que eu vejo no espelho e reduzindo o tanto que sou a isso. Uma imagem. Um corpo. Um exterior que apenas é o que te carrega aos lugares. Nunca fui muito de me enxergar de uma maneira positiva ou demonstrar qualidades, cuidados e carinhos, mas ao longo de vinte e oito anos o processo de aceitação avançou bastante e passei a ser mais gentil com tudo que me tornei e venho me tornando. mas é difícil. Acaba sendo um ciclo vicioso e qualquer mínima faísca de insegurança é capaz de romper com tudo que demorou a ser construído. Mas por que? Até quando? Quantos e quantos anos e livros e estudos levarão até que eu pare de me sentir assim quando eu sei dentro de mim que tudo isso é superficial, estúpido e uma ponta minúscula perante tudo que sou e sinto? Me dói também passar por isso sabendo causas, históricos e lutas femininas e feministas. Por que a gente foca tanto na parte de fora quando é a de dentro que merece palco?
Mais um ano começou e já está sendo um pouco atípico pra mim. Sem metas, sem listas, sem muitos objetivos, como quem viaja quietinho só caminhando sem ter um destino final. Estaria eu desiludida ou apenas deixando que a vida faça o seu curso sem interferências ou tentativas de manter algum controle. Teria aprendido a viver longe do guidom? Ao certo, acabo sem saber de muita coisa. Respirando um minutinho de cada vez com baixíssimas perspectivas.  Fazendo minha parte de um jeito mais leve e sem refletir muito sobre isso embora escrever já seja um pouco de reflexão. Será que é fruto da idade? A gente vai perdendo a animação dessa coisa de ter um ano inteirinho novo pra fazer o que quiser e deixar o anterior no passado como quem pega uma roupa que não cabe, separa pra doação e abre espaço pra uma nova no guarda-roupa. Seria o fato da vida ter sido muito generosa comigo me dando poucas preocupações de modo geral, ainda que o status concurseira perdure até perder de vista com seu pacote inseguranças e dramas. Talvez em algum momento eu sente e escreva no meu caderninho aquelas coisas de vou ler um livro por mês, vou juntar dinheiro, manter uma dieta, me alimentar melhor etc etc etc. Coisas que basicamente toda pessoa adulta deveria fazer em sua vida e que viram metas de ano novo pela simples ilusão que a mudança do dia 31 para 01 mude também todos os velhos hábitos de muito tempo. E é isso, trezentos e alguns dias pra ver no que vai dar.