terça-feira, 29 de março de 2011

cheio, metade, um quarto: de café, de meta, de fazer

Acordei até achando o dia bom, na verdade achei normal, mas pelo menos não o maldizi ou não desesperei de algo bom que viesse a vir. Mas mal cheguei na esquina e logo cedo ele me prega peça, e puxa tapete até manhã terminar. Não sei se ruim, mas até que me foi de um pouco grado a bagunça que o dia me causou, mas acabei por não aproveitar quase nada do embaralho. Tinha coisa por fazer e a meta era fazer metade até terça. Mas hoje é terça e não fiz metade, fiz metade da metade, mas ainda falta um quarto pra virar meio. Tenho pouco tempo pra fazer, mas sei não se ainda dá. Não por preguiça pura, mas por mais chatice desse dia doido, que me trouxe dor de cabeça que tentei passar com banho quente e acabou que to de cabelo molhado e de cabeça doendo mais. Queria fumar um cigarro, mas lembrei que não sei fumar e mesmo se soubesse não gosto e não tenho, mas se tivesse e pudesse talvez até fumasse caso de quê vai que melhorasse na cabeça a dor. Acho que vou querer café, ou melhor quero café, e ei de buscar logo que terminar isso aqui de escrever. Até porque tenho quase duas horas e meia pra que esse embaralho do dia de hoje termine e metade de meio da meta da coisa por fazer que tenho. E vai que é por sorte ou por azar, mas não sei, vai que esse dia assim não termine tão ruim quanto presumo que ele foi, mas ta difícil e vou mesmo é ali na cozinha pra pegar um cadinho de café pra ver se passa nessa cabeça a dor, quer dizer essa dor de cabeça.




ps: na caneca, diga-se de passagem.


domingo, 20 de março de 2011

Lua.




E da janela do meu quarto, a Lua. Coberta de nuvens, Ela, a dos apaixonados, cheia e linda se esconde como que me dizendo: -Coração sem amores, não merecendo meu brilho, permanecer-te-a sem vislumbrar minhas trasmutações em fachos de luz e sem inspirar-se em minha rara apresentação, enquanto vazia e só apresentar-se defronte a mim.



-


Então fechei a janela e sai de casa, como que escomungada pela rainha profana que parecia esquecer de sua discípula. Blasfemando carências e desacasos, esquecendo de que me levei a esse caminho solitário por vontade própria. E lá pelas quase dez, depois de tantas frustadas olhadas ao céu, pude ver a Lua, a que tanto queria prestigiar, e ela permanecia ao alto, longe, intocada, intocável. Distante, embora iluminando toda a rua. E quis poder ter asas, para chegar mais perto dela, para que pelo menos um milímetro de sua luz pudesse me contagiar, para que meu vazio fosse novamente preenchido, e assim sendo que pudessemos ser amantes na solidão, onde eu, debruçaria-me todas as noites à janela, como lobo enamorado perante a toda sua magnitude.



quarta-feira, 16 de março de 2011


Grito, mas ninguem ouve. Estou afônica, muda, parada enquanto meus pés se movimentam sem sair do lugar, como numa esteira rolante invisível. Sinto o caos se aproximando, soprando '- não há como fugir' enquanto me tira todo o ar. Não há esconderijo, não há porta de saída, nem janela, nem abismo pra se jogar. É tudo claro. A escuridão se faz dentro de mim, no meu corpo corroído de mágoa e palavras não ditas. Toda vontade se desfaz como papiro em vinagre e tudo perde sabor. Tudo se torna só sufieciente, só sobreviver, sem viver, sem desfrutar, sem ver boniteza. Carrego um fardo vazio, uma cruz podre e sem peso algum, um pesadelo de sonho bom, engasgo de ar. Um turbilhão me suga pra dentro de um redemoinho, estou girando, dando voltas, desesperando, até chegar a um lugar que desconheço (...)




ps: Quando eu descobrir qual é esse lugar continuo o texto, ainda que eu não saiba bem ao certo se ele é (ou será?) bom ou ruim.

sexta-feira, 11 de março de 2011




Vem e vão, passageiros, buscando sentido, seta ou direção, levando consigo pensamentos e idéias imprevisíveis guardadas só em si. A brisa anuncia os sonhos, os bocejos de sono e de tédio, enquanto o sol arranja buracos por entre os galhos na fraca tentativa de aquecer meu corpo. Ouço vozes longes, barulhos de construção e passarinhos, e os minutos esvaem-se sem nenhuma palavra sinfoneada. Olham contanto não vêem, fitam canto-de-olhadas tímidas e breves sorrisos de míseros segundos. Diferentes, tentando se afirmar, se esconder em gente, se perder de mundo, se ser único, enquanto se equalizam em buscar um sentido que não há em meio e fim algum.

desfoque



Vi. Não sei se era. Me falta lembrança mais nítida daquela noite cheia de gente onde te tirei pra dançar. Devia ter perguntado, devia ter dito um oi. Devia fazer tanta coisa que não faço nada. Mas que ia dizer? Foi você naquele dia? Foi você que não levou, nem pediu nada além de um beijo? Que me encantou dizendo como não dançaria? Vi. Acho que era. Queria que fosse. Espero que tenha sido preu relembrar você. Vi. Não sei se será. Não sei se falarei. Não sei se devo ou não falar. Não sei se você vai se lembrar como eu lembrei. Não sei se vou saber se é ou não. Mas já fiz oposto do que faço, quando coragem bateu naquela noite. Vi. E novamente tirarei para dançar.

quinta-feira, 10 de março de 2011

passo desengonçado






Junta tua boca em meu sorriso de te ver e embaralha suas mãos no meu cabelo arrepiando corpo inteiro
Me abraça mais forte e sente minha respiração nervosa em seu pescoço, enquanto você me gira mais uma vez tirando meu equilíbrio nesse passo de xote desengonçado
Vem assim, tão calmo, tão sereno me levar pra dançar ali do lado, me fazer rir de bobagem e de bobeira me deixar pensando em seu jeito canalha



;)

quarta-feira, 2 de março de 2011

equilíbrio distante




Vejo um linha a se formar entre meu ontem e hoje. E de uma forma estranha me pego sendo um alguem já superado há muito
Que a vida atua em ciclos, aprendi cedo. Mas nunca pensei sentir novamente um vazio experimentado aos meus 15 e poucos.
Muita vivência, paixões e fatos me levaram so ser que sou nesse momento, mas questões de tempos atrás ecoam em minha mente.
Sei que a sina do homem é buscar e questionar a tudo e a todo tempo. Mas devo simplesmente aceitar que minhas dúvidas nunca serão respondidas racional- ou irracionalmente?
Se é tudo convenção ou construção, se tenho uma revolução pulsando no peito e um jeito próprio de ver o mundo, porque agora quero conforto nas mentiras usadas para aquietar almas curiosas?
Porque quero um sentido direcionado, se atirei minha bússola ao mar e nunca senti a falta dela?
Sinto uma angústia que não sei explicar e perante a finitude da vida me recuso a aproveitar os segundos que tenho.
Quero por vezes lavar-me em lágrimas, mas lágrimas vãs não resolverão. Lágrimas pelo nada, pelo que sei que vai passar?
Sei que o vulcão redespertará, ainda que todas as forças gravitacionais insistam em manter as placas tectônicas inérteis.
Mas espero que não seja necessário sofrer um terremoto para que o desperte para um novo velho ciclo.



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Após transcrever para o blog esse texto notei um grande paralelo cíclico - ou será coincidência?- entre a data de criação desse blog (2007) onde eu tinha 15 e poucos anos e escolhi o título "Equilíbrio Distante" ao acaso e hoje (2011) onde eu com 19 anos me encontro num ponto onde o equilíbrio nem se nota de tão distante que está. Sempre pensei em fazer um texto que explicasse -ou ao menos tentasse- o fato de ter sido escolhido esse nome. E não sei se alguem vai entender o que quero dizer, mas esse texto explica bem isso. Sabe quando achamos que amadurecemos e crescemos deixando pra trás o que fomos e de uma hora pra outra voltam os medos superados, as dores curadas e as qualidades perdidas? Isso não quer dizer que regressamos ao estágio anterior ou voltamos a ser o que eramos antes (Como diz Heráclito: Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio), mas sim que estamos em um desequilíbrio, entre ciclos passados e futuros, e isso acontece para que possamos relembrar o que nos fez chegar ao que somos. Sempre nos confrontaremos com nós mesmos, sempre haverá gladiadores internos no coração, sempre teremos velhos amores para reviver. E talvez o equilíbrio sempre esteja mesmo distante, mas a vida se não fosse corda-bamba seria chata demais. É necessário o medo de cair para olhar lá de cima e sentir a adrenalina correr nas veias. É preciso atirar-se para sentir o vento no rosto, é preciso desequilibrar-se para chegar (perto) do equilíbrio.


:)