quinta-feira, 28 de março de 2019

As vezes me sinto só no meio de tanta bagunça que talvez sem perceber eu mesma crio, ou talvez da própria pressa da vida que se faz um caos cotidiano. A gente se prende a tanta coisa, não é? Se afoga em cobranças, metas, contas, barulhos. Esquece que olhar pra dentro é casa e recomeço. Quando todo ar parece escapar dos meus pulmões nesse mar escuro, me lembro de me fazer morada e me reconheço livre. Nunca estou só quando tenho a mim. 

terça-feira, 26 de março de 2019

23:23

Tenho você dentro de mim e parece pouco e muito ao mesmo tempo. Mais que eu e que nós, menos que a soma dos desejos. Soa desritmado, porém encaixado ao mesmo tempo. É tudo velho como raiz fincada ao chão, que cresce em todos os sentidos. Por vezes, destrói o que vem pelo caminho. Esmaga o peito que não sabe se aguenta absorver o tanto que arde. Suga cada gota como quem vai em lençol freático e se desdobra em flor. A gente desata em suor. Se embala e se perde no que seria saudade e vontade que nunca passam. Se torna infinito no pequeno fragmento do espaço tempo que nos circunda no meio da madrugada de sono e insônia. O ar é sempre um pouco rarefeito quando se chega ao ápice. Pulmões a ofegar em meio a olhos que se fecham pra emergir dentro do caos. A gente sempre se encontra nas palavras e no silêncio daqueles segundos inertes e envoltos em porções de adrenalina e amor. Todo pensamento foge enquanto os corpos se convertem em energia cinética. Consumimo-nos. E nada mais parece igual. 

quarta-feira, 13 de março de 2019

Alguns dias eu me percebo mais sensível ou emotiva mesmo 
E hoje, penso em você como de costume em meio a essa overdose sentimental e te sinto comigo sem precisas nem fechar os olhos 
Me pergunto, em que momento nós nos reconhecemos 
Quando abrimos a porta e escolhemos estar juntos
Ou ao menos, quando deixamos o amor nos escolher e se plantar dentro de nós 
Me lembro da sensação de quando deitamos no colchão olhando as estrelas no meio da madrugada, logo no começo, e ali o tempo parava ainda que com quase nada de sentimento - mas algo já se formava
Uma sensação bem parecida (em suas proporções devidas) de quando olho a mesma janela na tarde de domingo enquanto você perambula pela casa
Uma paz de se sentir completamente bem, grata, feliz de estar ali, apenas pensando em quão bonito está o dia - e estava aquela madrugada
Ou talvez, já havia algo quando sai do melhor show da vida e só queria compartilhar com você que eu mal podia respirar depois daquilo tudo e que tava em êxtase surreal depois de pegar na mão de Roger Waters 
E até no vazio quando cheguei em casa pós viagem e não sabia se ainda existiria nós depois de estragar aquela tarde perfeita, e não consegui pensar em mais nada até você voltar e a gente se abraçar e se beijar como se fosse o último beijo antes do fim do mundo, porque a gente ainda não sabia, mas nossos corpos já sabiam que não dava mais pra ficar longe um do outro
A gente tem tantos momentos que dariam uma saga, e eu até me perco em cada um deles quando minha memória se arrasta por varios e eu já acho que misturo tudo 
E eu penso como chegamos até aqui, nessa avalanche de sentimentos acumulados, tão intensos que nos devoram 
Construímos tantos laços, dividimos tantos nós
Minhas musicas que são suas músicas, suas coisas que são minhas coisas, nossos hábitos que se misturam, a gente que cada dia incorpora mais características do outro 
Somos um e somos tanto, preenchendo cada pedaço que existe em nossos corpos
Nunca iremos ao certo saber quando tudo começou, talvez seja mesmo de outra vidas - mesmo sem você acreditar 
Decerto, cabe em infinitas, de tanto amor