quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Acabaram-se os tempos da velha infância feliz. Das histórias em quadrinhos devoradas em minutos, das perguntas, das manhãs despretensiosas. Das poucas preocupações e zero importância pelas trivialidades. Demorei tanto a aceitar o desprendimento. A notar que o ingresso a vida adulta já se aproximava. Aquela transição inevitável passou sem muitas dores e sem perceber, e então o choque. As contas, o emprego que tem que ter, o sonho em forma de testes que levam ao esgotamento diário de todo o psicológico. A vida que opera fora de rota, acelerada e sem freios, arrastando todas as suas certezas lama e ladeira abaixo. Eu sempre soube que sonhos eram fruto do subconsciente e aqueles pesadelos logo passariam se dormisse de novo. Agora me encontro em noites insones e sonos sem sonhos. Como se o peso da idade desabasse sobre a cabeça e só se pode desmaiar pra não se entregar. Ah, bom era quando chorar resolvia e lavava a alma. Agora, pergunto a minha alma como mantê-la sã nesse tanto de pressão que a vida faz. Sem ter onde correr e onde se esconder, encarar a realidade é fácil demais perto da nebulosa incerteza que se encontra nesse momento. Que plano seguir se todos te levam ao mesmo lugar? Voltar ou ir, se o caminho é um círculo girando ao seu redor. Esperar. (E não desesperar).

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