terça-feira, 26 de julho de 2011

mantra

Meus dias serão dedicados a busca de mim mesma, posto que assim seja até eu me descobrir. E todos os dias me repetirei: sou e amanhã serei melhor ainda. Mil vezes ses preciso. Até que isso esteja fixado em cada ponto do meu ser.

verde, ver-te, verte, vérice, vertigem, verdade, vestígio.



Viu em um encontro torto a brecha de sentir, percorrendo todo seu corpo, a adrenalina do momento. Sorriu, sem saber se lhe seria retribuído e em uma gentileza quis tomá-lo para si naquele instante. Não sabia nome, não sabia nada e nem procuraria saber, só queria mergulhar em seus olhos verdes e quiçá trocar meias palavras. Segundos. Foi o tempo que parou pra que durasse o mistério e o mar. A olhada de lado, o ensejo de qualquer coisa e o caminho a percorrer de volta aos corredores.


O que carrega nesse passo lento, rápido em dança e em desapego, é todo um ceticismo exarcebado de não crer em nada além do racional, de deixar de lado toda construção de encantamento e persuasão, sempre necessários, embora constantemente previsível. Sempre ficando no mesmo, no que se esperava, no nexo causal resultante dos mesmos efeitos de sempre. Deixando apenas o desconhecimento e o vazio de depois. A emoção desgostosa de ser facilmente esquecido em algum canto da memória, um número a mais em uma lista, um nome em uma agenda velha e bem guardada. Uma constante luta para anestesiar-se de todo sentimento, de toda leveza, de todo suspiro. Um ritmo descompassado de um regrado comportamento desligando-se de toda magia forçada e fadada a frustração.

domingo, 17 de julho de 2011

?


Realidade, será um sonho acordado? Uma virtualidade construída, um conceito conveniado criado para nos tirar do mundo mágico? Por vontade de explicação e de porquê passei pelos teoremas, pelos catetos, pela seleção natural, pela psique. E continuo com sede de saber. Saber sobre mim, sobre o redor, sobre o real. E o que não é real? Será impossível ou meramente improvado? Será olhos acordados? Será contrário de sonhar?

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Piloto automático

Esse nada, esse rasgo cortante, engasgo de ócio misturado com ódio, com lágrima. Desatinado de percorrer caminhos circulares, de voltar pro ponto de partida, de não se resolver, de não buscar querendo achar e procurar em vão, sem resposta, sem cabimentos, encaixes mesmo tortos, que se complementem ao menos em um ponto de qualquer coisa. Raiva sabe lá de quê, dos hormônios, do mundo, de si. Revolta casual sem causa, sem cor. Preto e branco mudo, como tempo distante, memórias veladas, fundo-do-baú. Talhando a carne, recortando nuances e desviando caminhos, linhas, difuseando tudo até ficar só o desfoque. Procurando o que sentir, o que dizer, escrever, o que respirar, suspirar cansado, ofegante, apneico. Tentativa de chorar sem água com sal, chorar o que vier, o que tiver que se chorar, sem se ter nada, e ainda assim insistir. Riscando, pintando à giz de cera os fatos, apagando mal apagado os atos, em auto relevo com corretivo branco, sujando as mãos, lavando em vão a sujeira, que fica impregnada, até rasgar o papel, chutar o balde, a bacia, o que tiver pela frente. Até deixar tudo no estrago, o acaso levando, o coração penando, a vontade sem vontade, a vida sem guidom e sem volante.