segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Eu não sei mais brincar de não sentir. Eu sempre soube, mas acho que quando te vi passar por mim naquela noite, tudo desandou em emoções. Não se se foi o seu sorriso, ou os seus olhos pequenos, suas frases bem pensadas ou as suas graças que me faziam rir a todo instante. Naqueles dias, naqueles meses, todos os tijolos foram caindo, toda a doçura florescendo novamente naquele caminho cansado que eu percorria até de olhos fechados. E suspiros de realidade preenchidos de amor diário, com toda chama dos dois corpos queimando juntos numa mesma temperatura. Um monte de sabores, de jeitos, de gênios, de cumplicidade. Não haviam sinais, não houve pontos de onde a água pudesse ir se acumulando até quebrar as barreiras da represa. Houve fraqueza. E romperam-se os laços, explodiram-se as encostas, e não restou mais água alguma. E todas as flores continuaram bonitas pelo caminho, e eu, que sempre tive controle de tudo, senti o peso de todo o sentimento reaprendido, de todo o campo novamente aberto, de mais um lado do amor -ou do que até então conheço dele. Não, não te culpo, nem poderia. De almas pequenas apenas podemos deixar o que elas querem que fiquem. E levamos o tanto que se pode aprender. Aprendi, a sentir novamente. A florescer novamente. A entender que a paz vem de si, assim como a grandeza. Não me culpo, nem nunca poderei culpar-me por ser forte. Por acreditar no que trago na alma, por não acomodar, não saber fingir, não conseguir fincar os pés no chão. Tenho asas. E sentirei todo o peso por carregá-las, assim como toda leveza de ser tudo aquilo que eu quiser por meu próprio esforço.










.






- Toda cicatriz tem um pouco de beleza em seus contornos. É o novo tecido que vem mostrando a capacidade de reerguer do trauma, mas continuando ali para que nunca se esqueça do que a causou.

Nenhum comentário: