Sempre fui do tipo de pessoa obcecada por ser diferente, por ser única, por não parecer com outras pessoas, pois só queria parecer comigo mesma e com mais ninguém. Sempre me virei sozinha, numa teimosia em ser dona de uma independência que sempre esteve atada pelo cordão umbilical, a qual nunca irá desligar-se por completo. 23 anos completados, não sei dizer se me tornei o que imaginava ou quão próximo da visão que tinha na infância de como seria quando fosse "adulta", se é que eu tinha alguma ideia acerca disso naquela época. Minha vida é cor de rosa com unicórnios e algodão doce, nem tenho um canto pra chamar de meu, e na maioria das vezes me sinto perdendo a vozinha que gritava em meu interior clamando por algo que me diferenciasse dos outros seres do mundo. Acho que nos últimos anos me senti mais comum que tudo. Mediana nas notas, na aparência, nas vontades, no humor. Ainda sinto que tenho uma outra versão de mim que explode por dentro enquanto continuo andando com a cabeça baixa, enquanto continuo sem gostar de chamar atenção, enquanto danço timidamente em todos os outros lugares que não a sala de casa quando está sendo varrida. Mas, acredito que a cada ano volto meu olhar para as coisas preenchedoras de alma, ainda que haja um serzinho consumista soprando nos meus ouvidos a cada nova cor de batom "descoberta". No fim o meu 22° ciclo, percebi-me mais amada, mais plena, mais em paz e mais feliz em todos os meus vários defeitos e insatisfações. Paro pra pensar, e consegui tantas coisas legais, realizei sonhos, aprendi a separar o que vale e o que não vale a pena. Em 23, só tenho a agradecer e a desejar a cada dia dar mais ouvidos àquela vontade que era tão forte e tão constante de não ser igual, não se adequar, não acomodar, não acostumar. E, sobretudo, viver mais e melhor a cada dia.
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