Algum dia conseguirei enxergar em mim as cores que vejo e sinto e transbordo. Tenho que me ater a tal pensamento enquanto não reconheço nenhum mérito, sucesso ou bem aventurança. É tão triste não se perceber. Enxergo tanto em todo mundo e quase nada no que vejo no espelho e nem os livros, estudos, terapia, maquiagem, natureza ou qualquer coisa consegue fazer com que eu me sinta um pouquinho assim Vênus. Tudo me absorve e me anestesia e a ânsia de ser a meta e o objetivo espalham meus pedaços por ai e o caminho vem sendo tão longo que já quase nada existe além das lágrimas derramadas e olheiras marcadas ganhando arroxeados novos. Como é possível conseguir tanto, agradecer tanto e em nada ver o mérito do esforço e do cansaço que toma conta de todo o meu ser enquanto corro contra o tempo e o sono. O impulso e a frieza rígida de quem trava uma batalha solitária e dolorosa e se nega a sentir e a viver enquanto o peso de tudo desaba e esmaga toda vontade de existir. As coisas pequenas que me encantam e passam sem serem notadas enquanto sigo mecanicamente a lista de tarefas anotadas nos vários cadernos que dão conta dos tantos papéis que interpreto e vivo (ou não). O abismo e o salto juntos e os paradoxos de estar perto e longe de onde quero e onde estou. A miopia dos olhos que salta a vida e me cegam enquanto o tempo corre e se faz avalanche nos dias iguais da rotina. A fé no porvir que me arrasta há 6 longos anos de dores, incompreensões, incertezas e doação. De mim, se leva tudo até que se tenha algo que sequer é fim, mas também começo do tanto de sonho que em mim carrego e toda vontade de vida e viver que se contrasta. Deixo pra ganhar, enquanto perco pra me completar. O amanhã enquanto hoje.
Nenhum comentário:
Postar um comentário