quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

cais

Não sei o que houve entre nós, o contrapeso dos opostos sempre nos caiu muito equilibrado, a leveza sempre se fez presente. Talvez o peso massacrante das responsabilidades me fizeram cegar aos encantos. Talvez o cansaço me consumiu por inteiro e eu não consigo abrir o peito que você fez morada e lar. É como se eu estivesse em um país distante sem falar o idioma. Me sinto errando tanto com você sem saber de onde vem todo esse incômodo, talvez provenha apenas das minhas insatisfações com minha própria vida ou talvez a gente só não seja mais tudo que sempre fomos. Me dói esperar o que você não pode, ou talvez apenas não queira, dar. Também me dói reconhecer que talvez eu sempre espere o que sei que não é de sua natureza. Seria o amor por si só suficiente? Você sempre tenta me fazer enxergar que sim enquanto meus calos estão acostumados a só continuar caminhando deixando pra traz as pedras. Talvez a gente seja o maior exercício de resiliência pelo qual eu já passei. Isso soa um pouco ruim, pra você soaria como uma faca perfurando o coração. Pra mim é algo crucial, considerando que a vida me fez caminhar deixando pra trás tudo que não me cabia. Você sempre dá um jeito de ocupar todos os espaços, ainda que se esvaia, que quase fique por um fio, você tem esse dom de despertar um amor novo que se mistura com o velho e vira um amor ainda maior a cada segundo. E eu me pergunto novamente, é o bastante? A resposta vem ao fechar os olhos, com tudo que me atinge e consome quando penso em você. Só espero que você saiba que os meus navios também já foram queimados. 

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