quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

É estranho chegar a esse ponto em que você não se reconhece, pois não tem tempo de se sentir, se observar e se reconhecer nessa pessoa que se tornou. Onde foi parar tanta coisa nesses últimos sei lá, 5 anos? Não sei em que parte do processo fui perdendo pedacinhos de mim e entrando nessa de deixa ai ver no que vai dar, talvez tenha sido lá pela milésima surra da vida ou na décima expectativa frustrada, não consigo sequer chegar aquele ponto de notar todas as transformações, pois as coisas apenas foram acontecendo, fui seguindo o fluxo e parei no meio de uma nuvem cinzenta que não sabe se vai chover ou se dissipará com o calor do sol. Como um pássaro preso na gaiola que não reconhece mais o caminho da saída mesmo quando as portas passam o dia inteiro abertas. Seria eu mais um Ícaro que voou tão perto do sol que se queimou? A vontade é de sumir pra um canto ermo e só existir no espaço tempo, longe de tudo, todos e qualquer lapso de pensamento que insista em martelar a mente. Tantos gritos engolidos, tantas lágrimas silenciosas, onde ei de acordar? Escrevo hoje após tanto tempo, será que há o que recuperar?

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