quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Ensaio sobre o desfalado

- É você!
- Eu o quê menino?
- É você e eu sempre soube disso, embora eu tentasse esse tempo todo fingir que não!
- Fingir o quê de quê?
- Você não entende?
- Não entendo o quê?
- Que é você!
- Eu o quê?
- Nada. Você nunca entende nada!
- Nada de quê? Acho que voê tá ficando doido, não ta falando coisa com coisa!
- Nada. Deixa pra lá.
- Deixar o quê?
- Já disse pra deixar pra lá!
- Tá.
- Tá?
- Tá ué. Você quer que eu diga o quê?
- Nada. Você nunca diz nada.
- Hãn?
- N-a-d-a.  
- É, você tá ficando doido.
- Doido?
- É.
- Você é que nunca entende nada.
- Nada de quê, pelo amor de Deus!
- Não disse?
- Disse o quê?
- Que você não entende nada!
- Hãn? Olha, tô indo. Você que já me deixou doida com isso tudo.
- Tá. Tchau.
- Tchau.

(...)

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O não dito, o dito, o pensado, o não dito que queria e devia ser dito, o pensado e não falado, o dito e não escutado, o imaginado que disse, o escutado que não foi falado...
Para palavras e seus significados, silêncios, frases e pensamentos.
Ah, o desfalado!


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