Por vezes devastam-me coisas que eu nem sei de onde vem, só surgem meio perdidas e se entocam no cantinho do peito criando aquela angústia desinteressada que a gente se esquece que ficou por ali
Ai do nada, opa, elas aparecem pra me visitar e, bem, eu só fico a sentir umas coisas estranhas como falta de alguma coisa ou de alguém, que parece até que é de mim mesma
Tem coisa mais complicada que ser gente e sentir?
A gente é tudo meio doido, todo mundo correndo de um lado pro outro sem saber nem o que ta fazendo da vida
E até tem gente que acha que sabe, mas no fundo é todo mundo na mesma beira do abismo
Mas fazer o quê, né?
A gente segue lidando com os acúmulos, faltas, pedaços e espaços vazios e cheios que envolvem toda complexidade de ser humano e permitir vulnerabilidades
Assim sem pé nem cabeça mesmo
Tudo muito meio insano
terça-feira, 26 de fevereiro de 2019
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019
Hoje eu acordei com você e com o cheiro do café que você fez pra mim e só consegui ser grata a vida por aquele momento. Talvez eu não acreditasse de fato em "amor da vida inteira" até ter te (re)encontrado. Talvez nem mesmo acreditasse na gente e em tudo isso que estamos construindo se eu pudesse ter previsto um mísero % dos nossos dias hoje. A gente caiu de paraquedas e na metade do caminho ele desistiu de abrir. E do nosso amor em queda livre nem a gente sabe como aconteceu. E é tanto e tão forte, que nem cabe na gente. Acho que nem no universo inteiro, nem no tempo que para quando somos um, nem naquela noite absurdamente estrelada de reveillon - um dos céus mais lindos que já vi nesta vida. "Olha o quanto cresceu, olha a gente hoje" - você me disse e isso ficou grudado em minha cabeça. Cada vez que eu volto pra casa, eu sinto mais amor, mais seu cheiro em mim, mais ainda a sua falta. E, acima de tudo, mais ainda a vontade de você. Da gente juntos, do nosso futuro, dos nossos vários planos de vida - seja Uruguai, Chapada, Salvador ou qualquer lugar, contanto que juntos. E olha o quanto só cresce. O tanto que a gente se entende e se faz feliz, até quando minhas paranoias tomam conta e minutos depois eu me desarmo inteira por seus olhos. A gente tem dessas de tornar tudo extraordinário. De ser amor na rotina de todo dia e nas loucuras de todo dia também. De se ler no silêncio e também nas conversas da madrugada. De fazer amor e logo depois fuder e vice versa. De ficar em paz fazendo nada o dia todo em seu quarto e ficar até bem tarde na rua sem nenhum problema. De topar quase tudo, porque tudo sempre vai ser melhor se estivermos juntos, porque a gente se complementa naturalmente. Você faz meus dias serem mais felizes só pelo fato de que eu penso em você o dia inteiro e isso automaticamente já me põe um sorriso involuntário no rosto. Você desconstrói meus medos e minhas inseguranças, abre seu coração e me deixa fazer nele abrigo. E seguimos, amor. Transbordando.
Eu sempre achei que textos se construiriam em tempos de mágoas, sofrimento, algumas bads ou aquelas tristezas que só precisamos sentir sem motivo realmente fundo. Talvez por a escrita sempre ter sido meu escape, meu mundo, onde eu me sentia e me sinto confortável em derramar todas as minhas confusões e sentimentos. Sempre fui de construir muros em torno de mim, como forma de não se machucar. E sempre sofria por algo que não sabia muito bem de onde vinha. Tentava juntar os meus pedaços soltos como se carecesse de uma perfeita sincronia para que eu pudesse me sentir inteira. Como se o mundo todo não fosse suficiente e ao mesmo tempo como se tudo me sufocasse. Eu queria o mundo, porém só enxergava a parte de mim que se fechava no meu próprio eu. E com o tempo a gente aprende a levar e lidar com a vida e com nossa própria cabeça -ainda que falte mais um tanto de aprendizado, até porque a vida é isso, constante aprender e ao mesmo tempo saber que não sabe nada. E nesse viés, eu posso ter o mundo e o meu mundo. Posso ser tudo, sem me fechar pra vida e pra pessoas. Posso escrever feliz numa sexta feira sobre nada. Apenas pelo prazer, apenas porque sou o que escrevo, sou escrita e sou um mundo dentro do mundo dentre de outros tantos mundos. Viver é desaprender e aprender. Tantas vezes até que ela chegue ao fim. E recomece, tudo de novo. Tem uma frase que diz "a vida não é uma reta, é fluida". E é ali, em cada esquina que a gente vira que a vida acontece. E a gente desacha do que achava; encontra sem nem ter procurado. Se perde e se destroi pra se reconstruir inteira e nova. Com pedaços e remendos. A gente segue caminhando.
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