quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Se eu te disse que posso ver além dessa capa inteira?
Aí. Bem no fundo da sua alma, onde você guarda todo sonho e toda beleza. 
É pra poucos né?!
Pra quase nenhum ser.
Mas,
Eu vejo. 
Não por você tê-la exposto a mim, mas por sermos dois seres tão imersos no próprios medos.
Vejo, por ser semelhante. 
E sei, que é tão florido aí que chega a ser pecado deixar tão guardado. 
Vem cá. 
Abre esse seu sorriso.
Vamos ser um pouco mais felizes.
L I V R E S
De nossa própria natureza;
De nossas verdades tidas como certezas;
Desses nossos muros afiados.
Me dá a mão e vem.
Que a gente não se perca em nossos próprios labirintos.
Que a gente saiba engrandecer e prosperar esse jardim.
Arruma essa casa.
Tenha calma.
Fecha os olhos e enxerga com a alma.
Se eu consigo, você também pode se ver.
Abre esses portões.
Deixa o sol impreguinar e trazer luz.
Permita refletir e se transborde
Em todo seu ser transpareça sua alma de flor.
E ai então, dois pontos
Avise aos navegantes: brotar-se-ão novas cores. 

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Por vezes me custa aceitar o fato de que as coisas não voltam a ser como era antes. Aquela minha paz que encontrei a um tempo não voltará, vez que meu ser não é o mesmo de outrora. Há que se buscar novos ares e novas formas de sentir-se bem e viva. Um modo de prolongar as pequenas alegrias, um olhar que se perca num dia de sol. Muitas coisas padecem no passar dos dias. Os elos interpessoais, a aparência tão fugaz a qual tanto se prega uma perfeição inatingível. Tudo é tão passageiro. Como ater-se a algo se evoluímos tão constantemente no piscar dos olhos? Fixar raízes, creio eu ser uma das soluções. Mas, quando o céu é todo um infinito de possibilidades? Deve-se criar asas, então? Bem. Não há certezas por aqui. Esse plano tão incerto, tão precário, é apenas embarque. Absorver. Transformar. Crescer. Transmitir. Sigo pensando, achando, transmutando. Afinal de contas, quem sou eu, além de humana? 

sábado, 26 de setembro de 2015

Esse vazio vem e arromba a porta 
A dor transborda
Que resta além de um sorriso falso, um corpo cansado, uma mente fatigada?
Mais um dia que nada muda aqui dentro
Respiro e quero desaparecer
Mais um dia, resta tentar sobreviver.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Não me encaixo, não me acho é acho que a vida é mesmo assim. Uma falta de tudo e o peso do mundo no pescoço. Sufoca e solta o ar, encontro e desencontro. Quando você entende que não pode entender nada, ai que começa tudo a complicar. Manter-se na ignorância ou atirar-se? Saber demais as vezes parece que só traz dor. Quanto mais se vive, mais se sente falta de viver, quando mais se escreve mais se perde. Quando tenta traduzir, termina inacabado.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Acabaram-se os tempos da velha infância feliz. Das histórias em quadrinhos devoradas em minutos, das perguntas, das manhãs despretensiosas. Das poucas preocupações e zero importância pelas trivialidades. Demorei tanto a aceitar o desprendimento. A notar que o ingresso a vida adulta já se aproximava. Aquela transição inevitável passou sem muitas dores e sem perceber, e então o choque. As contas, o emprego que tem que ter, o sonho em forma de testes que levam ao esgotamento diário de todo o psicológico. A vida que opera fora de rota, acelerada e sem freios, arrastando todas as suas certezas lama e ladeira abaixo. Eu sempre soube que sonhos eram fruto do subconsciente e aqueles pesadelos logo passariam se dormisse de novo. Agora me encontro em noites insones e sonos sem sonhos. Como se o peso da idade desabasse sobre a cabeça e só se pode desmaiar pra não se entregar. Ah, bom era quando chorar resolvia e lavava a alma. Agora, pergunto a minha alma como mantê-la sã nesse tanto de pressão que a vida faz. Sem ter onde correr e onde se esconder, encarar a realidade é fácil demais perto da nebulosa incerteza que se encontra nesse momento. Que plano seguir se todos te levam ao mesmo lugar? Voltar ou ir, se o caminho é um círculo girando ao seu redor. Esperar. (E não desesperar).

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Quando vem a falta de algo, embora pareça que não há nada a se fazer, tem-se duas opções: voltar-se pra fora ou pra dentro de si. O que te preenche e o que te sobra? Procuramos em lugares diferentes, em pessoas próximas ou não, em fugas, em um tanto de superficialidades. Tentamos, na maioria das vezes, remédios rápidos pra dores acumuladas dia após dia, acabar com o tédio inteiro em uma insanidade só, preencher o vazio que se apresenta com doses de felicidade e otimismo. Tudo lá fora parece ser melhor que o abismo de dentro, e escutar o próprio silêncio se torna insuportavelmente gritante. Podemos também, e essa é a escolha mais difícil, submergir em todos os medos, em todos os sonhos, toda chatice da vida cotidiana, tudo que construiu cada pedacinho do seu ser, e procurar ali, naquele buraco negro interno as peças que faltam, as respostas que necessita para avançar. Ali dentro, onde tudo se apresenta escuro e íngreme, estão fixadas cada centímetro de suas raízes, cada letra de sua história, cada tanto de sentimento armazenado. É ali, que após voltar sua atenção e seu cuidado, vira abrigo. E ao virar abrigo, não mais se faz escuro. Há uma faísca acesa, uma vontade de vida que foge da nossa compreensão, uma força que percorre o corpo e o coração. E então, processadas em nossa mente, nos levam além de nossas necessidades. E talvez, assim, não haja tanta solidão em estar só. 







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E por mais racional que seja ou tente ser, a saída mais fácil as vezes é tão mais indolor...

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Copos transbordando de alcool e tentativas de fuga, das vidas vazias, da rotina, do cansaço. Um tanto de diversão pra afugentar o tedio, contatos superficiais, bocas encontradas por minutos rapidos. O que te sobra quando a luz se apaga? Quando retorna pra vida real, quando as responsabilidades batem a porta? De que se preencheu você? De historias, de risos, de esquecimentos. De alcool. Vale a pena o tanto quando nada sobra depois da insanidade? Eu nao sei. Tanta bagagem, so pra contar. Mas aqui dentro? O que sentir quando o coração continuar a bater vazio? Pena, saudade ou vontade de fugir pra sempre? Anestesiar o peso de viver vivendo ou se trancando dentro de si? Talvez quando se preencher, você possa contar tudo aquilo sobre quão feliz se é na fuga. Hoje, o vazio se faz mais vazio que nunca.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

De tanta ausência, nada mais falta. Completo, eu e meu próprio universo. Sem mais pra dividir ou fazer voar as horas, um tanto de amor transformado em aprendizado. Da nossa paz, trago um bocado, mas não mais motivos pra perturbá-la, nem mais nada que justifique as minhas tentativas de entender os seus desencontros. Com suas confusões, lide você. Fico com as nossas boas lembranças como um livro lido e guardado de recordação. A história não muda, por mais que a gente releia, assim como o final já tem seu ponto. Livro dois, por enquanto passo. Outros personagens tomam vida e espaço nesses dias que transcorrem indefinidos. Traz uma sensação de calmaria, saber que suas conversas mansas não fazem mais efeito e que não consigo mais lembrar seu gosto. Essa linha invisível que me ligava a você, após tanto tempo de desgaste se rompeu, e com ela, toda vontade. Sinto - não, nem sinto - mas não vai ser dessa vez que você vai conseguir me arrastar da minha razão. O ponto final, (finalmente) chegou. 

domingo, 24 de maio de 2015

Primeiro de tudo, vamos por um segundo esquecer esse negócio de que pra ser feliz com alguém primeiro precisamos ser felizes sozinhos e blá blá blá. Sim. Precisamos, não só é necessidade, como também um dever, porque, cara, no final das contas quem vai estar com você todo o tempo é você. Então, se a gente tem que aturar a gente a vida inteirinha, porque não devemos fazer isso da melhor maneira possível, que é se amando e se sentindo feliz com quem você é? Enfim. Passemos ao outro lado da questão. Você, alguém que em algum momento dessa loooooooonga presença humana na terra, o que estava pensando quando achou de ter essa ideia de que todas as pessoas têm um serzinho que quando encontrado, sabe se lá quando nessa vida, vai fazer tudo ter sentido, dar a certeza de que "Oh meu Deus é o amor da minha vida"? O que você pensava quando resolveu vir com todo esse mimimi de que as pessoas são como quebra cabeças e olha fia, tua peça ta por ai, nesse mundão, então senta, espera e tenha paciência que você vai encontrar? Não, eu não sou mal amada, ou desacreditada do amor, ou contra sonhadores, mas olha, cansei. Cansei de brincar disso de ter que sair por aí, conhecer pessoas, ficar com alguém e por mais que tenha sido meeeeega legal, simplesmente a pessoa sumir porque "ah, fulano é assim mesmo, vida louca". Mas oi? Ninguém vai casar amanhã, cara, pera lá. As pessoas estão tão preocupadas em serem felizes sozinhas que acham que se bastar é também motivo para poder excluir as pessoas da vida. E não to falando do cara que sumiu. Não é questão de cada um ter sua própria vida pra viver, mas da falta de 2 minutos a mais de uma conversa legal, da pausa para um cafezinho, de chamar pra um encontro nem que seja para ter uma noite legal. Pessoas agindo como robôs, amor só por algumas letras numa mensagem qualquer, vida apressada, amizades apressadas que surgem e somem quando as vibes se tornam diferente. Olha, não to falando que as pessoas são obrigadas a permanecer na vida da outra, mas falta alma. Falta essência, boa vontade, falta tudo aquilo que nos faz ter encanto por alguém. E onde entra a pessoinha que milhares de anos atrás ousou escrever sobre amor? Entra que nesse mundo de tanta gente feliz sozinha, falta fé no feliz junto. Não quero esperar a vida toda por alguém que aparecerá do nada e fará tudo fazer sentido. Eu quero pessoas. Pessoas que me façam rir, compartilhar bizarrices, esquecer do mundo inteiro em 5 minutos. Olho no olho, palavra no ouvido, abraço, tato. Pessoas com alma, despretensiosas, verdadeiras. Mais que conversas no WhatsApp. Alguéns que compartilhem minhas bandas favoritas e conversem sobre isso por horas, sem que isso signifique uma cantada idiota depois. Pessoas sei lá, sem querer jogar todas em uma forminha, sabe? Sem querer alguém igual a mim, mas que ao menos tenha disposição em entender, em vez de deixar pra lá. Pessoas que valham a pena. E isso de alma gêmea leva a uma idealização absurda. O cara dos meus sonhos definitivamente teria que ser ruivo, barbudo e nerd. Mas qual a graça de aparecer um cara assim sem que tenha o mínimo de boa vontade em me conhecer? Sem que em uma conversa legal eu possa ver além da aparência dos meus sonhos? Olha, cansei. Até desse texto. E da pessoinha, do cara que sumiu, de todo mundo ocupado demais pra ter um pouco mais de alma nessa vida apressada sozinha e feliz(?) 

terça-feira, 12 de maio de 2015

Ouço pela milésima vez aquele velho disco que você nunca me deu, pensando em tudo o que não fomos, em todas aquelas músicas que não escutamos, em todos os filmes que não poderíamos assistir juntos sem que você dormisse ou me fizesse desistir de assistir. Penso e tento lembrar de todas as conversas que eu sinceramente gostaria que tivéssemos tido, em tudo que eu poderia ter te ensinado sobre alguma banda de rock clássica, ou sei lá, algum personagem interessante da história. Sobre eu me orgulhar de ter nascido em 18 Brumário, o dia do golpe de Napoleão, mesmo sabendo que eles não utilizavam o calendário gregoriano dos dias de hoje, e que essa data é bem possivelmente outra data, mas Brumário era Novembro e 18 o meu dia. Ou melhor, o nosso dia. Que acabou sendo só meu, como sempre. Escuto minha banda favorita e me lembro que você não sabe e nem se interessaria em saber nada sobre ela, além das músicas que todo mundo conhece, afinal de contas, Beatles é Beatles. Aliás, acho que nenhuma das minhas bandas favoritas por sinal. E isso até que é bom, porque eu nunca guardaria nenhuma delas pra você, nunca poderia ter uma música sequer de Chico, ou do Led, ou de qualquer uma das minhas bandas pra lembrar de você. Acho que nem o fato de você usar uma blusa de Led quando terminei com você me faria associar a você, até porque, eu só conseguia me perguntar que diabos você fazia com uma camisa do Led?! Eu achava tanto que a gente combinava, que a gente era tipo feito um pro outro, mas acho que quando gosta a gente fica meio cego, maquiando os indícios, ou sei lá, enxergando só a parte boa. Eu penso tanto nisso, acho que mais até do que seria razoável, com um certo tanto de maldade por sempre pensar no quanto você era fraco, no quanto faltava algo. Mas é inevitável. Te ver na mesma vida, do mesmo jeito, sem nada a acrescentar, sem nada a, sei lá, encantar? Te vejo tão superficial e ao mesmo tempo me vejo de volta aos meus livros, meus filmes, minhas bandas.. a tudo aquilo que me toca, me emociona, me faz ser eu, sabe? Como se você nunca fizesse parte dessa minha parte, e olha que não foi por falta de apresentação. Por falta de tempo, talvez? Nunca saberei, ou nunca saberemos, tanto faz. Mas talvez tenha sido melhor assim. Imagina só se a minha parte mais minha fosse nossa, como eu poderia me desligar de você? Como iria esquecer de lembrar se teria você em tudo que eu tenho como meu, como refúgio, como cura? Acho que foi mais fácil assim, pensar em tudo que você nunca poderia ter sido, em tudo que você não completou, em tudo que você não fez. E eu volto pra mim, pra meus sentimentos tão contraditórios, pra meus amores intangíveis, pro lugar que me sinto tão mais plena. 

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Deve haver algo no modo como enxerga a vida que torna tudo tão complicado, tão inacessível aquela parte mais profunda de seus sentimentos. Como pode, tanto sentir em tudo tangível aos seus olhos, tanto arrepio ao ver o que de lindo tem nessa vida, tanta emoção em ver nascer o sol em um dia qualquer, em ouvir o som das ondas se quebrando em alguma parte de uma praia comum, e ao mesmo tempo, nenhum tipo de encantamento pelas várias pessoas que passam por sua vida. Como se fosse uma especie de contradição dentro de si mesma. Olhos de poeta pro mundo, sensibilidade pra alma, pro amor amigo, pra bondade. Olhos de tirana pro amor carnal, paras qualidades humanas, para, como se diz, pessoas?! Será exigência de mais ou de menos? Sentimento e sentidos de mais ou de menos? Fechará sempre os olhos pra dentro, inconsciente, e tentará, na espera de não ser em vão mais uma vez, sentir algum tanto que traga sentido (ou não).

quarta-feira, 8 de abril de 2015

As vezes sinto pena do seu vazio, outras apenas saudade de te preencher. Na maioria das vezes um soco seria suficiente, desde que no lugar mais dolorido: seu ego. Acho que se trata disso não é? Na imagem que você tenta transparecer, que de transparente não tem nada. Você tem medo. Sabe lá de quê (e sinceramente hoje não me interessa). Você é confuso, covarde e egoísta. E olha que eu sinto um carinho enorme por você, porque apesar de tudo você sabe ser agradável quando quer. Ou quando precisa. Você é o tipo de pessoa que não suporta ser ignorada, e quando o é não consegue esconder a perturbação. Acho que já aprendi a bagunçar você. E isso me dá uma certa satisfação, de conseguir deixar você incomodado com a minha presença. Olha, não pense nem por um segundo que qualquer palavra minha esconde algum tipo de intenção, ou amor não correspondido ou ainda paixão por você. É, algumas vezes, apenas um tanto de desejo que ainda permanece da lembrança do seu toque, ou da nossa química que, embora fingimos não lembrar, nossos corpos sabem exatamente como responder. Olha, não faço nenhuma questão do seu afago, mesmo que ainda sinta falta de vez em quando. Definitivamente, não vale a pena uma grama de qualquer coisa que venha de você em minha consciência, ou em meus dias.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Você tem medo de quê? Qual o peso que você carrega nesses ombros fortes? Qual a dor por trás desses olhos de menino que tem sede do mundo e ao mesmo tempo insiste em resistir ao que a vida joga em seus braços? Eu costumo sentir as pessoas e ler os seus olhares, e imaginar o infinito que corre por trás de todos aqueles desenhos, íris e pupilas adentro. Os seus são castanhos, tais como os meus. Não escuros, nem totalmente claros, mas aqueles castanhos misteriosos, que entendo bem, e são os que mais me intrigam. Eles possuem um tanto de caos por trás da aparente calmaria do sorriso, e costumam causar um tipo de arrepio que não percorre a pele, mas a alma. São muitas as pessoas que despertam a minha empatia, mas raras as pessoas que me encantam. Você, definitivamente conseguiu ser uma dessas poucas, quase nenhumas. Eu acredito em acaso. Acredito que o Universo conspira, que existem ligações além da esfera material, que existem coincidências e, mais ainda, que existe uma razão para tudo. Você, parece ser um sonhador de pés no chão. Um poeta (e para mim música é uma das mais belas formas de poesia, pois consegue tocar todos os sentidos do ser) que consegue transmitir os sentimentos mais bonitos e mais puros, e, ao mesmo tempo cobrir todos eles de ceticismo. Das pessoas que me despertaram encanto, não me recordo de nenhum que não tenha sido um dos meus amores platônicos. Sempre gostei desse tipo de sentimento. Sempre tive medo de sentir, de ser, de enxergar minha própria alma, não sei se por não reconhecê-la, ou por ser insegura demais para aceitá-la; e, não há nada melhor do que a segurança de sentir pelo puro prazer de gostar, sem nem cogitar nada em troca, pois, apenas um olhar retribuído já trazia um mundo de possibilidade e, assim, perdia a graça e a liberdade do sentir só. Acho que demorei um bom tempo para transmutar esse amor platônico em amor próprio, que, acaba por ser o mesmo amor, dessa vez direcionado para o próprio ser. Amar, sem nada em troca; se amar, pelo puro gosto do amor e pela felicidade de sentir e se ver plena. Por uma vez consegui reunir o amor recíproco com plenitude, compartilhar o sentimento e as consequências advindas dele, e, por um tempo achei que esse era o amor em sua completude. Vem o acaso - e este não cansa de me pregar peças, e me traz você e todo o encanto que você proporcionou. E, eu que não sei quase nada de amores, mais uma vez me dei conta de que ainda não sei nada do amor. Não há amor pleno sem encanto. Sem preencher todos os espaços do seu ser, sem extrapolar todos os limites do imaginável. Não, não faço ideia de onde tudo isso vai dar, até onde a vida vai soprar ventos aos navegantes. Tampouco sinto qualquer forma de amor ou paixão ou alguma derivação desses sentimentos. Na verdade, também não sei nada disso. Eu sinto o seus olhos, a sua hesitação, o seu ceticismo. Eu vejo coincidências tantas que não parecem somente acaso. Eu ouço o arrepio da minha alma ao ouvir você cantar. E não, não venha me dizer que isso é exagero. Há momentos da vida que carecem de razão. E, agora, não quero entender, nem buscar uma explicação para nada disso, e pouco me importa se você não se importar. Não nos conhecemos, mas, não há como não reconhecer que nada disso é mera coincidência.
Eu não sei mais brincar de não sentir. Eu sempre soube, mas acho que quando te vi passar por mim naquela noite, tudo desandou em emoções. Não se se foi o seu sorriso, ou os seus olhos pequenos, suas frases bem pensadas ou as suas graças que me faziam rir a todo instante. Naqueles dias, naqueles meses, todos os tijolos foram caindo, toda a doçura florescendo novamente naquele caminho cansado que eu percorria até de olhos fechados. E suspiros de realidade preenchidos de amor diário, com toda chama dos dois corpos queimando juntos numa mesma temperatura. Um monte de sabores, de jeitos, de gênios, de cumplicidade. Não haviam sinais, não houve pontos de onde a água pudesse ir se acumulando até quebrar as barreiras da represa. Houve fraqueza. E romperam-se os laços, explodiram-se as encostas, e não restou mais água alguma. E todas as flores continuaram bonitas pelo caminho, e eu, que sempre tive controle de tudo, senti o peso de todo o sentimento reaprendido, de todo o campo novamente aberto, de mais um lado do amor -ou do que até então conheço dele. Não, não te culpo, nem poderia. De almas pequenas apenas podemos deixar o que elas querem que fiquem. E levamos o tanto que se pode aprender. Aprendi, a sentir novamente. A florescer novamente. A entender que a paz vem de si, assim como a grandeza. Não me culpo, nem nunca poderei culpar-me por ser forte. Por acreditar no que trago na alma, por não acomodar, não saber fingir, não conseguir fincar os pés no chão. Tenho asas. E sentirei todo o peso por carregá-las, assim como toda leveza de ser tudo aquilo que eu quiser por meu próprio esforço.










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- Toda cicatriz tem um pouco de beleza em seus contornos. É o novo tecido que vem mostrando a capacidade de reerguer do trauma, mas continuando ali para que nunca se esqueça do que a causou.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

De coincidência em coincidência, vem o destino de novo me pegar pelo pé. Ou pelo coração?! Talvez os dois. Tanto encanto, tanta pergunta, um tempo contado em segundos voadores. Posso te roubar pra mim? Pergunta a pessoa que não conseguiu ainda apertar o botão da realidade, tampouco curar a cicatriz de um amor que deixou tudo por dentro doído. A vida é generosa comigo. Penso, sorrindo e lembrando das pintinhas em forma de constelação em seu rosto. Esperando o encontro para acariciar cada uma delas, para olhar de novo pros seus olhos castanhos e doces. Que seja o que vier, o que for pra ser. Hoje, quero você e o mundo de possibilidades infinitas pra esse tanto de querer.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

O último verso

Engraçado te ler em meus versos e ver com os mesmos olhos uma outra pessoa. Um oposto. Tanto encantamento que me apaixonava de te ler por mim. Ai te vejo, de novo, com os mesmos olhos. Mas não nos versos, na vida. E tudo se desfaz, dissolve igual sal em água, vai tudo embora pelas mãos. E de novo, oposto. Nenhum encantamento. Acho que o bonito vem de dentro. Não te leio mais bonito, há um vazio de beleza em sua alma que não me faz mais sentido. 
Queria ter asas. Talvez pra fugir pra algum lugar ermo do Universo, qualquer um desses paraísos intocados pelo homem, ou talvez só pra voar por ai e fugir de mim mesma. Por que em todos os problemas insisto em jogar a culpa em mim? A procurar onde errei ou tentar compreender qual o problema com esse ser que nem sabe entender a própria alma. Que se vê no espelho e consegue ser oposta à tudo e todos os que a enxergam. Não há asas. Há fugas, não tão distantes, não tão eficazes. Alguns paliativos não surtem efeito, e nem ao menos mascaram a dor. Queria ter asas. Talvez para tirar os pés do chão, quando o centro da gravidade os deixa mais que nunca enraizados. Talvez para não ter que se encarar em espelhos, vez que o céu não é dado a reflexos. Querer. Há um tanto de poder e conformismo que andam juntos da vontade. O querer de sonho, que com ação se torna verdade. O querer impossível, e aqui não se limita, nem se cai no clichê de todo impossível o ser até alguém torná-lo possível, que o contentamento é a melhor saída. Queria ter asas. Não posso. Nem Ícaro, nem qualquer outra pessoa ainda as pode ter. Podemos ter aviões, asas-deltas, pára-quedas. Mas asas? Não meu bem, não podemos. Pra onde então devo fugir? Pra dentro? Trancando tudo novamente? Pra fora? Pra onde? Não fugir. Talvez seja o necessário. Talvez as asas venham quando for forte o suficiente para abri-las e suave o suficiente para não deixar que pesem sobre os ombros. Depois então, o vôo vira realização e alma e calma. E não somente fuga.