quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

céu das 5 e pouca


Como se consegue passar pela vida sem notar os detalhes que a permeiam?
Sem sentir os contornos, auto relevos, pedregulhos, borrões e traços fora do lugar que fazem essa dimensão ser tão singular?
Como não enxergar os vários tons de azul e branco que se mesclam iluminados pelo rei Sol no céu de minha cidade natal num sábado qualquer e que trazem formas e figuras quase Michelangelamente pintadas?
Como não querer compreender a força existente nas tortuosidades e inclinações dos troncos de árvores, que cada uma a sua maneira suporta o passar das estações e o temperamento do clima sempre encontrando uma maneira de ficar de pé e, se porventura cai ao solo, ainda assim permanece com suas raízes firmes e fixas?
Como não tentar imaginar a história de cada passageiro que cruza o nosso caminho? Como não querer saber quem são e quem querem ser, seus sonhos, seus amores, seus delírios...?
Como não achar que há uma força superior que rege essa orquestra a qual chamamos de universo? Como não abrir o coração e se deixar tocar pela magia da vida? Como não ser artista se minhas pupilas conseguem captar a beleza e a linha tênue que faz de cada grão único e especial?
Como não ser criança se tenho a ânsia de criar meu próprio mundo e a sede de conquistá-lo como pirata e ilha do tesouro?
Como não ser poeta se consigo traduzir em palavras o que nem mesmo entendo com a razão?
Como tentar achar respostas pra essas questões que nem mesmo se explicam?
Vivendo. Sentindo. Amando.



ps: o céu que me inspirou numa tarde de sábado não era esse, mas era tão bonito quanto e mais ou menos assim. :)


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