Só
Sozinha
Quanta solidão cabe dentro de nós?
Quanta multidão cabe dentro de mim?
Sós
Num só.
Juntinhos.
segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
quinta-feira, 21 de novembro de 2013
1ª letra do alfabeto, parte I
Se joga que me jogo na gente sem nem respirar
Olha, dá um sinalzinho e fica tudo bem, tudo certo
A gente pode ajeitar tudo depois
Pode pensar mais tarde ou mesmo nem pensar
Fica quietinho, grita, tanto faz
Eu nunca entendo muito bem as coisas, mesmo
Olha, cê tem que ajudar um pouquinho
Só um tiquinho, assim, dizendo oi já ta bom
É um pedacinho do caminho
Eu já tentei tanto, já deixei de tentar, tentei de novo
Não quero que seja igual
Na verdade eu não quero nada não
A gente acha um denominador comum
Vai deixando se levar na onda
Cantando junto algum refrão pra guardar de recordação
Eu ia falar, juro.
Mas deixei de tentar de novo
De fazer tudo igual
De ser tudo igual
Olha, é só rir um pouquinho que me derreto
É bonito, já observei de canto de olho
Já vi que você anda observando também
Ou não. Não sou muito acostumada a corresponder
É medo sabe? Medo de tentar mais um pouquinho
Medo de não ser suficiente
Medo de medo mesmo
Acho que o jeito é você se aproximar
Misturar esse mar verde de seus olhos com o castanho dos meus
A gente brinca de se olhar de vez em quando
A gente ri um pro outro de vez em quando
Vamos se jogar?
Olha, dá um sinalzinho e fica tudo bem, tudo certo
A gente pode ajeitar tudo depois
Pode pensar mais tarde ou mesmo nem pensar
Fica quietinho, grita, tanto faz
Eu nunca entendo muito bem as coisas, mesmo
Olha, cê tem que ajudar um pouquinho
Só um tiquinho, assim, dizendo oi já ta bom
É um pedacinho do caminho
Eu já tentei tanto, já deixei de tentar, tentei de novo
Não quero que seja igual
Na verdade eu não quero nada não
A gente acha um denominador comum
Vai deixando se levar na onda
Cantando junto algum refrão pra guardar de recordação
Eu ia falar, juro.
Mas deixei de tentar de novo
De fazer tudo igual
De ser tudo igual
Olha, é só rir um pouquinho que me derreto
É bonito, já observei de canto de olho
Já vi que você anda observando também
Ou não. Não sou muito acostumada a corresponder
É medo sabe? Medo de tentar mais um pouquinho
Medo de não ser suficiente
Medo de medo mesmo
Acho que o jeito é você se aproximar
Misturar esse mar verde de seus olhos com o castanho dos meus
A gente brinca de se olhar de vez em quando
A gente ri um pro outro de vez em quando
Vamos se jogar?
bordando a vida.
A vida é mais bonita sob os filtros do instagram.
Olha lá as cores dela, o sorriso grandão tomando o rosto inteiro
"Essa moça tá diferente", diz Chico e digo eu
Essa moça ta feliz
Por entre as paisagens da cidade e de cada canto que vai
Não sabe se é do por do sol, ou do brilho que ela emana
Ou da moldura que se prega, preto-e-branco, colorido, sépia
É tanta felicidade que não cabe num Universo inteiro
E na verdade cabe na casa de um botão
Ela cria a realidade e a beleza dela, em sorrisos que são puro arco-íris
Mas é lá onde a linha preenche as casas
E lá no verso da costura, que a gente sabe quem sabe bordar de verdade e quem não.
ps: minha tia-avó me ensinou que bordado perfeito tem que ter a frente e o verso certinho. Se tá tudo embolado e emaranhado atrás, não está bem feito, apenas disfarçado :)
Olha lá as cores dela, o sorriso grandão tomando o rosto inteiro
"Essa moça tá diferente", diz Chico e digo eu
Essa moça ta feliz
Por entre as paisagens da cidade e de cada canto que vai
Não sabe se é do por do sol, ou do brilho que ela emana
Ou da moldura que se prega, preto-e-branco, colorido, sépia
É tanta felicidade que não cabe num Universo inteiro
E na verdade cabe na casa de um botão
Ela cria a realidade e a beleza dela, em sorrisos que são puro arco-íris
Mas é lá onde a linha preenche as casas
E lá no verso da costura, que a gente sabe quem sabe bordar de verdade e quem não.
ps: minha tia-avó me ensinou que bordado perfeito tem que ter a frente e o verso certinho. Se tá tudo embolado e emaranhado atrás, não está bem feito, apenas disfarçado :)
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
Ciúmes em tragos
Consome todos os sentidos lógicos, morfológicos, sintáticos e psicológicos do meu ser, como uma corrente de eletricidade percorrendo veias em frações de segundos sem que nada possa ser feito para contê-la. Chega de uma fagulha surgida do nada, de um bem querer transformado em insaciável querer, que nem ao menos se dá ao respeito de ser contido, espalhando-se aos quatro cantos estampado face, voz e gestos de incontidas crises, as quais você nem ninguém consegue entender. Como se as palavras embaralhassem ainda quando em formação e viessem avessas nas sinapses, até pararem no céu da boca em respirações ofegantes e desreguladas, recusando-se a saírem em seu tom normal, expulsas em forma de resmungos e irritações sem motivo que dão origem a brigas com menos fundamentação ainda. Como se o volante tivesse parado de funcionar, derrubando tudo que vê pelo caminho sem que eu possa virá-lo de volta para a direção certa. Me corrói como fumaça quente a adentrar os pulmões, queimando tudo por dentro, soprando fogo, grito, vento e acaba por deixar um gosto amargo na ponta da língua.
quarta-feira, 31 de julho de 2013
Tanta gente, tanto barulho, tantos passos.
E tudo tão calmo, tão distante, tão vazio.
Num canto eles brincam de pular bem alto, no outro giram, giram, giram.
Ali na frente o barco desancora, dum lado pro outro, quase que fica de pé.
E tem o que vai caracoleando em zigue-zague, sem contar o que fica de cabeça pra baixo.
Se sentem perto do céu. Estão perto do céu.
Eu tenho medo de roda-gigante, como que faço?
Medo de altura. Tenho vertigem.
Um pedaço de nuvem ou de algodão doce, moço!
Pra sonhar um tiquinho.
Pra sorrir um tiquinho.
Pra eu ficar também perto do céu, nem que seja só o gostinho doce que fica na boca da gente. Deixa eu pensar que alcancei o azul de lá de cima.
domingo, 28 de julho de 2013
Talvez tivesse quebrado alguma lei secreta do Universo ou feito alguma coisa que fosse considerada pecado grave. Algo das encarnações passadas? Alguma, sina carma, praga, macumba das brabas? Não sabia. Mas sabia que de um jeito ou de outro, ainda que pouco se importasse ou pelo menos fingisse que não, vinha, noites sim, noites não, pegar-lhe não pelo pé, como monstro debaixo da cama vem pegar criancinhas nas histórias. Não chegava a ser um fardo que incomodasse todos os dias, se parecia mais com aqueles cortes pequenos que parece irradiar dor para todos os lados quando entra em contato com água. Uma dor que passaria despercebida, não fossem aquelas noites (e as vezes dias inteiros) que insistiam em fazer lembrar o seu destino. Quantos não dariam tudo para não sofrer por amor? Pra não sentir, não se iludir, pra não derramar rios de choro com desilusões? Mas Maria não era como as outras pessoas. Podia girar o mundo, ter uma pessoa em cada porto, mas amor, nunca iria saber o seu verdadeiro significado. Não amor propriamente dito, como aquele que temos por nossos pais, nossos, amigos, nossas coisas. Mas aquele amor que vem com a paixão, amor de se dar, de se derramar, de se jogar sem medo. Amor que todo mundo sente, do carinho, do gostar, do pensar no cheiro o dia inteiro. Maria era toda feita de momentos breves. Sua chama consumia e apagava tão rapidamente que nunca passava de um caso, de uma noite, de no máximo uma semana. E nunca entendia bem o por quê. E talvez não fosse para entender. Talvez fosse para viver intensamente os seus frames. E era isso o que Maria fazia, e o fazia bem. E não pesava sua mente por isso, não era culpa sua. Mas essa era uma daquelas noites de passar em claro. Com ou sem café, com ou sem sono, deitada na cama ou não. Os pensamentos viriam atacar sua mente, perturbar, trazer um choro sem motivo, uma agonia de vazio. Todas as músicas sem sentido pareciam ter sentido. Mas sabia que seria só por essa noite, ou pelo menos até que outras noites como essa viessem. E ainda assim, as perguntas pareciam cada vez mais distantes de uma resposta. Qual caminho teria que percorrer para um ia chegar perto de conhecer o amor? Que parafuso lhe faltou quando nasceu? Era humana oras. Sentir é o que nos faz saber que somos humanos, é o que faz com que entremos em movimento. E amor é uma das, senão a maior, provas de que sentimos. E se sentir é viver, amar é viver plenamente. Maria viveria sempre incompleta até que o amor chegue para provar o contrário? Um mundo inteiro por ai, 7 bilhões de pessoa e zero sentir. Como não achar que o problema seria com ela? Como não se encher de perguntas, como não observar cada milimetro de seus gestos, ações, corpo e até de seu modo de falar? Mas Maria era muito querida. Tinha muitos amigos, gostava de ajudar as pessoas. Maria era daquelas pessoas que nos fazem sentir bem, que exalava uma felicidade pura, sem motivos. Era feliz só por ser. Talvez esse tivesse sido o seu preço. Talvez sua sina fosse amar e se doar tanto pra vida, que a vida era sua companheira, Nasceu pra viver, pra amar a liberdade, o céu, o sol, o Universo inteiro. E nunca poderia ter um só amor. Era puro amor ela mesma. Qualquer amor menor que o amor a todas as coisas não caberia em sua forma, em sua alma. Mas nada disso importava a Maria naquelas noites. E essa era uma dessas. Queria mais é assistir um filme bobo de romance, em que todas as histórias se permeiam na mesma trama de encontro-> amor a primeira vista-> desencontro-> final feliz, ouvir músicas e procurar um sentido pra elas. E se imaginar amando, sofrendo por amor, amando de novo, e de novo, e de novo, e de novo. Assim como todas as pessoas normais.
terça-feira, 23 de julho de 2013
doses
Tudo começa com uma troca de olhares, um sorrisinho meio tímido, de canto de boca, uma conversa desajeitada, quase sempre engraçada. Um detalhe, um gesto, uma palavra bem colocada e uma boa impressão, seguida da sensação gostosa de quando a gente conhece uma pessoa legal e se sente a vontade com ela. Mais um tiquinho de conversa, passa-se a troca de mensagens e até umas ligações. Mas ai, chega o enjoo, os desencontros, os interesses que não colidem. E você que pensava que este seria diferente fica com aquele vazio que não consegue explicar. Nenhuma resposta. Dias, mais vazio, sumiço. Mais uma. Põe na conta das desilusões amorosas, garçom.
[Rápido e curto, como o texto, como as últimas experiências alheias que me chegaram aos ouvidos, como as impressões próprias dos últimos meses]
terça-feira, 9 de julho de 2013
O dia em que o tempo parou
No dia em que o tempo parou, ela não estava preparada. Não teve tempo para isso. Corria tanto rumo a seus objetivos, enfurnada em seus livros de física, cálculo e outros números infinitos que valoram x, que nem percebeu que a hora não corria e pôs-se a estudar mais e mais para a prova da semana que vem. Vitor estava vendo a 8ª temporada de uma das suas dezenas de séries favoritas, "Ainda tenho que terminar essa e mais duas da outra série épica eleita-a-melhor-de-todos-os-tempos-pela-terceira-vez-no-ano." Assistiu essa, mais outra, mais uma quarta, sexta, sétima, "nossa, como cheguei até essa daqui?" Juliana dormia após mais uma noite perdida de festas imperdíveis que todo mundo vai e eu tenho que ir. Dormia desde às 6 da manhã, e nem 48 horas seriam suficientes para recuperar as energias gastas no fim de semana inteiro. Joaquim chegara em casa após uma tarde inteira entre papéis e carimbos e outras tantas burocracias da agência de imigração em que trabalhava. Analisava passaportes cheios de viagens no mundo inteiro, "essa aqui já foi até pro Camboja, enquanto eu não sai nem da casa de meus pais". Ia fazer seu ritual de sempre: banho, tv e cama para começar o mesmo dia de todos os dias, mas dessa vez resolveu se cadastrar em um site de encontros para ver no que dá. E o tempo, por sua vez, parado. Sem horas, prazos, perspectivas ou mês que vem vou fazer isso e aquilo. E as pessoas ocupadas demais com suas rotinas, se esqueceram de atentar que as horas não passavam e o relógio não corria.
No dia em que o tempo parou, o tempo percebeu que não era ele quem definia o fluxo das coisas e das ações. As pessoas continuavam fazendo as mesmas coisas de sempre, agindo do mesmo jeito, continuavam na corrida de seus dias e suas noites, ficando o tempo mais lento na medida de suas ansiedades e mais rápido na medida de seus desesperos. E o tempo, frente a indiferença que fazia deixar de correr ou não, desistiu de tentar ajudar os humanos e voltou a correr novamente.
Ele dividia seus dias entre a faculdade, o estágio e o trabalho noturno de garçom, vezes cantor em barzinhos mixurucas. Ralava mais que tudo para conseguir pagar o aluguel da quitinete e ainda sonhava em um dia poder tocar pra ela a música que compôs. Ela passava sempre por ele na biblioteca, com pilhas de livros, textos e papéis meio bagunçados quase saltando por dentro do classificador. Pegou seu violão e resolveu ir até a casa dela, mas foi recebido com um rude "você deveria estar estudando para a prova da semana que vem em vez de ficar passeando por ai". Foi embora, mas no meio do caminho resolveu que tentaria mais uma vez. Sabia que ela não tinha tempo, sabia que ela bateria a porta na sua cara de novo, mas resolveu não desistir. Voltou e nem deixou que ela falasse, sentou no sofá da sala e tocou os versos ensaiados incansavelmente na frente do espelho. Acabaram-se os acordes e eles se olharam em silêncio por um momento até que ele a puxou e a beijou. Beijaram-se lentamente por horas a fio, até que ele olhou o relógio com medo de estar atrasado para o trabalho e percebeu que o ponteiro continuava no mesmo lugar. Pensou que o relógio havia parado e olhou no celular, no relógio da sala, na tv, no celular dela, e todos marcavam exatamente o mesmo horário, sem um segundo a mais ou a menos. E percebeu então que o tempo havia parado.
Desse dia em diante, o tempo percebeu que a indiferença da humanidade inteira não era nada se pelo menos uma pessoa pudesse notar e aproveitar plenamente a eternidade concedida de tempo em tempo por ele. E prometeu parar toda vez que o amor ou outro sentimento suficientemente forte se fizesse presente o bastante para fazer valer cada segundo do tempo posto a disposição.
Uso seus olhos como guia, como mosquitos gravitam em torno de lâmpadas, como faróis acesos na escuridão da noite. Uso seus olhos pra me ver como você me vê, com tanta bondade e estima, com toda aquela força que não sei de onde você tira em mim. Com o espelho de uma beleza que você me reflete, que não enxergo com meus próprios olhos e te uso para enxergar. Uso seus olhos como porto, como posto de beira de estrada quando o carro está sem gasolina, como silêncio em meio ao barulho do Universo inteiro. Uso seus olhos como gudes para brincar, como água para viver, como fonte de leveza, de doçura e desse tanto de amor que você sempre compartilhou comigo.
sábado, 6 de julho de 2013
de encontro.
Mais um passo. O mundo inteiro passando pela sua mente, o coração sambando feito passista na Sapucaí, os olhos passeando pelos relógios alheios, o suor escorrendo pelas têmporas a terminar em uma curva na ponta do queixo, pingando na gola polo da camisa rosê, escolhida dentre a pilha de roupa que restou largada em cima da cama. Devia estar perfeita, sem parecer que fez algum esforço ou se arrumou algum tanto para aquele momento. Chegavam e saiam pessoas entre os portões, entre chamadas, lágrimas, atrasos e esbarrões em malas mal dispostas no chão cinza, frio e liso. Fazia pouco sol, mas o calor parecia aumentar, junto com a respiração, a ansiedade e o medo. O medo de não reconhecer, o medo de sentir, o medo de não sentir. O medo de quem guarda por tanto tempo um brinquedo e quando vai brincar não tem mais graça ou alguma peça se perdeu. 365 dias sibilavam em sua boca, trezentos-e-sessenta-e-cinco-dias contados no calendário, nos dedos, nos lembretes e feriados. Presença ausente em todas as horas dos dias tediosos e chuvosos em que assistir televisão por uma tarde inteira parecia um fardo insuportável em sua vida de estudar, trabalhar e passar a madrugada esperando Alexandre se entender com a mudança do fuso horário e vir dar as caras às 2 da manhã. Tantas coisas que precisava contar, tantos conselhos que esperaram para ser dados e se perderam na confusão da distância, tanta saudade para matar que nem sabia se isso seria possível ao menos que passassem o próximo ano inteiro grudados como figurinha. 16:41. "Pela centésima vez moça, a previsão é que chegue às 17:00 horas." Os minutos pareciam brigar com o seu cérebro, já havia tomado 3 cappuccinos, checado o celular umas 10 vezes, ligado pra Ana e Carol, revisado todas as frases no espelho do banheiro, retocado o batom e o corretivo outras tantas vezes. Não era um simples oi, tudo bem? Era toda uma história que se passava, um tanto de mentiras que podem ter sido contadas, várias indagações, suposições, e-se-ele-conheceu-alguém?. Como poder prever o que se passou dentro dele nesse ano, nessa nova experiência. Austrália não é só o outro lado do mundo. É um mundo inteiro passado entre dois que achavam que seriam sempre o mundo um do outro. 16:55. Apenas 5 minutos separavam a expectativa e a possibilidade de um futuro. Suava mais ainda e resolveu trocar de blusa. É, tinha pensado em todas as possibilidades. Soltou o cabelo, o prendeu e soltou de novo. Conferiu todos os detalhes, repassou as frases no espelho, retocou o batom, perguntou as horas pras duas senhoras que entraram no banheiro e conferiu no celular para ver se não estavam atrasados. 17:00 horas. Pelo vidro podia ver os passageiros descendo do avião. Alguns apressados, outros calmos. E ele. Com seus cabelos lisos meio desgrenhados, com uma barba por fazer, com um charme que não podia ser explicado apenas pelas cores do sol indo embora no horizonte. Ah, estava sem graça, deveria ter vindo com outra blusa, mas agora já era tarde. Dirigiu-se ao portão de desembarque. E seus olhares cruzaram-se, terminando em um longo e confortante abraço que não podia definir-se. Apenas o tempo sanaria o tempo que passou e construiria o tempo que há de vir. Mas dentro do coração ela sabia todas as respostas.
PS: Não sei a resposta do coração dela. Talvez renda um outro texto cujo conteúdo ainda me é desconhecido. :)
domingo, 16 de junho de 2013
:)
Não sei lidar com essa coisa de suspiro que me vem quando você se vai ou resolve petiscar momentos do meu dia. Esse tanto de querer, de frescor, de risinhos bestas ao vento. Não sei lidar com essa vontade de te ver, de te ter a todo tempo, como se eu tivesse muito tempo pra qualquer dessas bobagens. Não sei lidar com nada dessas coisas de pessoas, de relacionamentos, de ter alguém em quem pensar sem esforço nenhum, como se a memória entrasse no modo você o dia todo. Não sei lidar com muita coisa que derive gostar, apaixonar ou qualquer verbo mais sentimental. Ai você chega, ri e fala qualquer coisa idiota. E não preciso mais lidar com nada. Você já toma tudo o que penso demais ou que nem penso. E fico incrivelmente mais leve e mais feliz com isso sem nenhuma explicação que se encaixe na minha lógica.
(e na minha não lógica...)
sexta-feira, 24 de maio de 2013
sábado, 16 de março de 2013
Os versos sobre você se foram com o vento e com o tempo. Nas asas que te levam para outros ares, em que a neve repousará teus pés. Se foram com o sopro de um ardor que já se foi. Com as cinzas que a lareira deixou. Quando você pousar o sol já estará próximo do seu horizonte. E sedimentadas tuas raízes, não brotará mais nesse trópico o seu calor, estaremos assim opostos em hemisférios, estações e direções. Tal como o destino sempre o fez e quis.
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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
declaração do amor maior
As palavras sempre me encantaram, como nuvens leves em dias de sol, como vermelhos vivos e gostos doces no céu da boca, de modo a derramar sobre elas de pesarosos lamentos à desmedidos risos incontidos. Como uma espécie de divã ao qual posso atirar-me e desandar histórias e inconscientes. Me encantam, roubam minha atenção, meus murmúrios, meu conforto. Constroem-me as palavras, e não o inverso. Perfazem cada célula minha como um código genético invertido, inato, raiz de minhas entranhas. E se por ventura faltam-me, a saírem boca a fora latejam e circundam, sangue e saliva adentro, toda a minha existência.
Engraçado como tudo parece igual quando é sobre você. Passa o tempo, as pessoas, o meu cabelo cresce, tô quase me formando. E continuo querendo largar tudo para ir ver você. Respiro fundo e parece que inspiro o seu cheiro, que nem lembro qual é, mas parece com o seu. E eu que digo o tempo todo que não sei nada de amor, que nunca sofri por amor. E você? Que parte disso tudo não significa amor? Que sentimento usei pra escrever mais de 30 textos sobre você? E qual é o que me faz escrever mais esse? Já disse mil vezes que as vezes acho que estou louca. Louca por você, só pode. Mas ai me vem tantos motivos pra não sentir mais nada, tantos motivos pra duvidar, tantos motivos pra (não) ter certeza de nada. Não queria escrever mais nada sobre você. Quero que você vá lá pra longe e fique mais quilômetros ainda longe de mim. Mas queria você perto por pelo menos um segundinho antes disso. Mas dessa vez acho que quase juro que não vou largar mais nada por você. 1 mês e 10 dias para mudar de ideia a cada segundo. Como sempre, quando se trata de você.
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Engraçado, já se passaram dois anos e ainda penso quase a mesma coisa disso aqui. Ainda tenho que estudar Civil. Ainda tenho que esquecer você. Ainda te odeio.
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
Dizem que samba bom se faz com tristeza e amor. E um pouco de drama. Acho então que a gente daria um samba meia-boca. Daqueles chicletinhos, cheios de clichê. Daqueles de amor que passa. Pra ser samba bom tem que ser amor de verdade. Amor de grandes histórias, de arrancar o juízo, a cabeça, a roupa. Amor daqueles de se jogar de pontagulha, de alma, corpo e todos os elementos. Você nunca foi capaz de pular do seu pedestal, de largar seu medo estúpido, de ser homem e tomar uma decisão. De jogar na minha cara a verdade, de ir e não olhar pra trás. Você sempre voltou que nem um cachorrinho pra mim. Sempre ia e voltava tantas vezes que não deixava que a gente vivesse qualquer coisa que pudesse existir. Você acendia todas as fagulhas e jogava água morna em todas elas. A gente podia ser um samba meia-boca, mas samba meia boca se faz com um punhado de paixão e desilusão ou declaração de amor. Mas nem isso a gente pode ser. Você nunca abriu a boca pra dizer uma vírgula de sinceridade, nem aquela alimentada por alguma bebida quente. Claro. Você era bom demais em seu mundo para esboçar qualquer reação. Você precisava de uma platéia para seu ego se mostrar e assim seguia na dúvida eterna de brincar de vai-e-vem. A gente não dá nem um samba ruim de uma frase só. Para isso alguma peça de roupa deveria ser arrancada ou ao menos uma traição anunciada. A gente definitivamente não daria samba algum. Talvez porque eu sempre joguei toda a culpa em você. Talvez por eu nunca ter enxergado as mentiras e verdades que você dizia para me proteger e não me magoar. Talvez porque foi melhor assim e nós dois tínhamos medo. Ou talvez eu devesse tentar compor mesmo assim. Algum verso de drama, pelo menos. Algum verso pra contar o que um dia foi uma tentativa de amor.
Verão n° 14
Os cabelos dela cintilavam ao vento, que tecia cada mecha em quase cachos, embaraços e ondulações, dando a Melissa uma aparência selvagem e estranhamente bela. Sempre descalça, em sua bicicleta vermelha, ela adentrava o bosque e cada vez mais fundo em meu coração. Havia nela uma beleza ingênua que sumia assim que sorria. Seu sorriso era malícia pura, como de quem sabe o poder que tem, e isso ela realmente tinha de sobra. Melissa é o tipo de garota que você não esquece quando vê, seja por seus cheios e longos cabelos castanhos, pelos olhos ferozes ou simplesmente pela mágica que exala, como se o Universo parasse a cada vez que ela saia de casa. O sol sempre parecia luzir mais forte, as flores coloriam-se para que ela apanhasse uma delas e prendesse no cabelo e até os dias mais cinzentos pareciam palco para que os vestidos rodados e a velha bota marrom fossem as estrelas. Ah, Melissa, não sabes que o mundo parava quando resolvia trocar duas palavras comigo? Quando dançava de olhos fechados na varanda de casa, quando no fim da tarde pulava no rio e saia encharcada com os gritos de sua mãe? Após trinta dias de sonhos e suspiros de melissas e por Melissa, consegui enfim arrancar um beijo, que marcou toda minha infância, e ainda perturba vez em quando minha mente o sorriso sacana de Melissa andando de bicicleta, nas tardes do verão de 86.
PS: Aquele foi e será um dos melhores verões de minha vida, no sítio dos meus avós em Sapoti. Quanto a Melissa, se mudou e em 87 senti o vazio de minha primeira desilusão amorosa. A partir dai, minhas férias de verão nunca mais foram tão coloridas. Não sei para onde foi e nunca mais tive notícias dela. Ah, o amor e seus desencontros.
Contra-capa
Voltei a ler aquele livro que você me deu, não sei se por saudade ou por nostalgia. Aquelas suas palavras doces escritas em letras engraçadas e meio que garranchos disfarçados, que tanto reclamei e insisti em te dar caligrafias - todas esquecidas junto com as palavras cruzadas arrancadas do jornal de domingo- passeiam em um passado recente de memórias sussurradas: "É pra te ver crescer por dentro e por fora, minha menina, Pra te lembrar de ter fé e te trazer sorriso. Do teu amor pra vida inteira, Edu." Ah, uma vida inteira acho que se passou desde o livro, agora meio empoeirado, desde nosso amor, desde sua dedicatória, desde que tínhamos 16 e achávamos que primeiro amor durava para sempre... Hoje os brancos já começam a cobrir seus cachos onde meus dedos enroscavam e passeavam em cafunés intermináveis. Hoje, aquela menina que fui se perde entre jornadas de trabalho, reuniões de pais e professores, cansaços constantes e aquele livro que você me deu, que voltei a ler por saudade de ser sua menina, quando a gente achava que o amor era andar de mãos dadas no fim da tarde na pracinha, quando a gente achava que primeiro amor durava para sempre, e pelo visto, acho que a gente estava certo quanto a isso. Pra que você saiba que eu cresci com muita fé e muitos sorrisos, graças a você, ao nosso amor e aos nossos filhos, de sua mulher e eterna menina, Carol.
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